Uma nova pesquisa concluiu que o número de estrelas que nasce por ano na Via Láctea pode ser 10 vezes superior ao que se pensava.
Há já décadas que os astrónomos acreditam que o ritmo de nascimento de novas estrelas na Via Láctea é muito lento, o que tem alimentado receios de que a nossa galáxia está a morrer aos poucos.
No entanto, um novo estudo publicado na Astronomy and Astrophysics sugere que o verdadeiro valor da formação de estrelas na galáxia é 10 vezes superior ao que se pensava anteriormente.
As estimativas atuais antecipam que nascem na Nébula de Órion, uma região de formação estelar na Via Láctea, entre uma e duas estrelas por ano. Outras estimativas apontam para entre duas e cinco.
A formação de uma estrela demora milhões de anos, pelo que estimar o número de novas estrelas é difícil, especialmente na nossa galáxia, já que várias grandes áreas estão cobertas da nossa visão. Os investigadores usaram um modelo indireto, analisando os raios gama associados à degradação de isótopos de alumínio-26 e ferro-60, ambos com meias-vidas a rondar um milhão de anos.
A ambundância destes isótopos ajuda-nos a entender quão comuns são as estrelas muito grandes e as explosões de supernovas. Dado que as estrelas grandes o suficiente para se tornarem supernovas têm vidas mais curtas, a frequência destes eventos dá uma indicação forte do número de grandes estrelas que existiu pouco antes da explosão, relata o IFLScience.
A partir daqui, os autores conseguiram estimar o número total de novas estrelas. Os resultados mostram que o total de estrelas que devem nascer todos os anos é equivalente a entre quatro e oito vezes a massa do Sol, predominantemente nos braços espirais. Isto equivale a entre 10 e 20 novas estrelas por ano.
O estudo tem algumas limitações. Para começar, pode haver um erro nas medições da abundância de isótopos e é provável que os autores tenham usado a sua abundância numa zona específica da galáxia para extrapolar o total em toda a Via Láctea, que está longe de ser um lugar uniforme.