Rui Pinto recusa-se a prestar mais declarações em tribunal

Mário Cruz / EPA/Lusa

Rui Pinto no arranque do julgamento do chamado caso “Football Leaks” que envolve o Fundo de Investimentos Doyen.

O criador da plataforma eletrónica Football Leaks, Rui Pinto, recusou-se esta segunda-feira a prestar mais declarações em tribunal, após quatro sessões em que falou ao coletivo de juízes e à procuradora do Ministério Público (MP).

Rui Pinto começou a prestar declarações perante o coletivo de juízes que o está julgar desde 04 de setembro de 2020, no âmbito de um processo no qual responde por um total de 90 crimes, em 10 de outubro.

No início da sessão desta segunda-feira, depois de ter sido conhecida a intenção do arguido, a advogada da Doyen solicitou a reprodução e valoração das declarações prestadas perante o juiz de instrução criminal em 22 de março de 2019.

Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, opôs-se à reprodução mas vão à valoração das declarações, nas quais existem algumas contradições entre as que foram prestadas em julgamento e na anterior fase processual.

Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

Na primeira sessão, Rui Pinto revelou que estava a trabalhar com os serviços secretos da Ucrânia, mas falou sobretudo sobre os momentos que deram origem ao Football Leaks. Assumiu que teve acesso às contas de e-mail de vários trabalhadores do Sporting, mas negou dizer quem trabalhava consigo.

Na segunda sessão, o foco foi o fundo de investimento Doyen e a tentativa de extorsão, explicando que não fez qualquer acesso inicial às contas, tendo apenas conhecimento de que isso estava a acontecer. Já em relação à tentativa de extorsão, reconheceu que “foi tudo uma infantilidade” e que “não sabia o que era extorsão”.

Rui Pinto negou ser o principal criador do blogue ‘Mercado de Benfica’ – site onde foram divulgados os e-mails do Benfica. “O autor trabalhava no Football Leaks”, explicou. Admitiu que teve acesso às caixas de correio e ao conteúdo das pastas de Inês Pinto da Costa, da sociedade de advogados PLMJ, cuja informação deu origem, mais tarde, ao Luanda Leaks.

Já na última sessão em que foram feitas perguntas pelo coletivo de juízes, Rui Pinto defendeu que existia uma “falha de segurança” na rede da Procuradoria-Geral da República. “Toda a gente que estivesse conectado à rede interna da PGR, tinha a disponibilidade de conhecer essas passwords”, já que existia uma nota na lista de contactos interna do correio eletrónico com todas as senhas.

ZAP // Lusa

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