Ruas em França: 60% dedicadas a homens, 6% a mulheres

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Victor Hugo e Charles de Gaulle andam por todo o lado. Mas em Paris, só 2% das ruas recordam mulheres. Em Lyon o assunto está a ser debatido.

A contabilidade resume o assunto: mais de 60% dos nomes de ruas em França são dedicadas a homens famosos franceses; as mulheres francesas são recordadas em apenas 6% das ruas em França.

No Fodor’s, portal dedicado a viagens e turismo, lembra-se que há diversos ex-generais, políticos, cientistas e revolucionários homenageados através dessas placas. O escritor Victor Hugo e o general Charles de Gaulle andam por todo o lado.

Em cada cidade são normalmente as autarquias a definir a designação, com um domínio claro de homenagens a homens.

Mas nomes de mulheres quase não aparecem nos nomes das ruas. Na capital Paris a percentagem de ruas com nomes de mulheres desce para 2%.

Em Lyon esse assunto já tem sido debatido, desde 2014. A ideia era, ao nomear ruas novas, dedicar metade das designações a homens e dedicar a outra metade a mulheres. Não era suficiente. Mais tarde a percentagem mudou consideravelmente: 90% das ruas novas são dedicadas a mulheres.

A cidade que tem agora quase 1.5 milhão de habitantes tem “aumentado”, as ruas novas são uma constante. Obviamente, regra geral, as ruas que já têm nome não mudam de designação (seria uma revolução burocrática para os seus moradores), mas as mulheres dominam nas novas estradas.

Em relação às homenagens a antigos colonizadores em África, que comandaram movimentos que originaram a morte de muitas pessoas em Marrocos e na Argélia, a decisão em Lyon foi, não mudar o nome dessas ruas, mas sim acrescentar informação nas placas ou outros acessórios, que explicam exactamente o que o homem em causa fez.

E, para originar uma espécie de contraste, nas mesmas zonas de Lyon foram construídas estátuas de outros ilustres, dignos de reconhecimento público.

Por falar em estátuas, nesse capítulo também existe uma discrepância em França: estátuas de homens representam pessoas, estátuas de mulheres representam figuras da mitologia e semi-vestidas, que representam a República da França ou que são retratadas como santas.

O Governo de França catalisou mil milhões de euros para promover a igualdade de género, em 2019; parte importante dessa quantia foi destinada às estátuas femininas, para deixarmos de ver apenas “figuras rechonchudas da Virgem Maria”.

“Andar pelas ruas da cidade não é apenas uma parte da vida cotidiana, é parte de nossa relação com o mundo. Ao ignorar as mulheres nos nomes das ruas, estamos efectivamente a dizer que as mulheres não existem! Que não têm o direito de ser nomeadas!”, lamentou Anne Monteil-Bauer, fundadora da associação de Lyon, Si/si, les femmes existent (sim, as mulheres existem).

Agora, Lyon homenageia mulheres em 11% das ruas da cidade. É um número baixo – mas está 5% acima da média nacional em França.

E a igualdade total na designação de ruas, em Lyon, poderá surgir só daqui a um século.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. Vamos nos queixar que NBA é 90% Africano? E +70% magistrados femininos?
    Porque não?
    Qualidade superior só é uma justificação para minorias e mulheres?

  2. Devem ser todos solteiros porque, segundo diz a máxima, “por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher!!”

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