Os rinocerontes estão a nascer com chifres cada vez mais pequenos. A culpa é nossa

A caça furtiva aos rinocerontes com chifres maiores levou a que os animais com chifres mais pequenos sobrevivessem e se reproduzissem mais.

Um novo estudo publicado na People and Nature analisou as imagens de arquivo de rinocerontes ao longo dos últimos 130 anos e descobriu que o tamanho dos seus chifres em proporção com o comprimento dos seus corpos está a diminuir — um fenómeno que também se nota nos elefantes e nos carneiros-selvagens.

Isto não é coincidência, já que a pesquisa sugere ainda que a culpa desta mudança é dos caçadores furtivos, que têm deixado os rinocerontes à beira da extinção. De cerca 500 mil no início do século XX, o número destes animais à solta na natureza caiu para menos de 30 mil actualmente, relata o ZME Science.

A caça humana já está a afetar a evolução natural destes animais. “A preferência dos caçadores por indivíduos com chifres ou presas maiores levou a que os animais com características menores sobrevivessem e se reproduzissem mais, passando estas características para as gerações futuras”, escrevem os autores.

Para chegar a esta conclusão, a equipa analisou 80 fotografias de rinocerontes captadas entre 1886 e 2019, que foram publicadas pela base de dados do Rhino Resource Center.

Os investigadores usaram depois software de imagem para estimar as várias medidas anatómicas de cada um dos animais e para calcular o tamanho dos chifres em relação ao resto do corpo. Dado que o tamanho dos chifres varia de acordo com a espécie, foram criados cinco gráficos separados.

Esta lista de espécies incluio rinoceronte indiano (Rhinoceros unicornis), o rinoceronte branco (Ceratotherium simum), o rinoceronte de Java (Rhinoceros sondaicus), o rinoceronte de Sumatra (Dicerorhinus sumatrensis) e o rinoceronte negro (Diceros bicornis), estando estes três últimos em grande risco de extinção.

A maioria dos rinocerontes nas fotos nasceu na natureza, tendo depois sido levados para jardins zoológicos, parques de vida selvagem ou santuários. Os investigadores mapearam os tamanhos dos chifres ao longo do tempo e descobriram que estes diminuíram em todas as espécies.

Esta mudança pode não ser inofensiva, dado que os rinocerontes usam os chifres para muitas coisas, como encontrar um companheiro ou defender o seu território.

“Estes resultados são a primeira sugestão de um declínio no comprimento do chifre dos rinocerontes”, rematam os cientistas

ZAP //

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