Resultados das provas de aferição “são desastrosos”. O que se passa nas escolas?

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Charlotte Kesl / World Bank

Os resultados da provas de aferição feitas pela primeira vez no computador são preocupantes. Quem o diz são os docentes, que consideram que a culpa são “os vícios do modelo” e a implementação do formato digital.

Entre maio e junho, os alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos fizeram, pela primeira vez, provas de aferição em formato digital, mas os resultados “desastrosos” só chegaram às escolas no dia 15 – o que inquieta os docentes.

“A divulgação dos resultados coincidiu com a altura em que se realizam as reuniões de avaliação nas escolas. Por isso, só os podemos trabalhar a partir de janeiro. O ideal era terem sido divulgados em julho, dando margem para programar o ano letivo seguinte. Assim, vamos ter de fazer ajustes a meio do ano letivo”, condena Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), ao Diário de Notícias.

No 2.º ano, os resultados foram “maus”. As crianças fizeram provas de Português, Matemática, Estudo do Meio, Educação Artística e Educação Física, mas apenas na Educação Artística os alunos atingiram os objetivos.

“Quando apenas na educação artística é que conseguimos encontrar domínios onde a maioria dos alunos ‘Conseguiu’, temos de admitir que estamos mal”, disse ao Diário de Notícias o professor de 1.º ciclo Alberto Veronesi.

No 5.º ano, quase 95% dos alunos do revelou dificuldades na “Leitura” e apenas 14,2% não revelou dificuldades na “Oralidade”. Na Escrita, os resultados foram um bocadinho “melhores”. “Só” 17,4% não teve dificuldades.

Mas em História e Geografia de Portugal (HGP) os resultados conseguiram ser ainda piores. A média de negativas foi de 97%. Educação Física é a única disciplina com resultados positivos.

Quanto aos alunos do 8.º ano, em Ciências Naturais e Física e Química, por exemplo, mais de 70% não atingiu os objetivos.

Curiosamente, tendo as provas sido feitas, pela primeira vez, em formato digital, em TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), a percentagem de alunos que revelou dificuldades é também elevada.

Ao Diário de Notícias, Paulo Guinote, professor de HGP disse que os resultados são “desastrosos sob qualquer perspetiva (…) Não existe outra forma de os apresentar ou analisar, por muito que se venham a tentar retorcer as evidências”.

O docente diz que o descalabro não se pode atribuir aos suspeitos do costume para o Ministério da Educação: “a pandemia ou a instabilidade nas escolas. No caso da pandemia, não é possível atribuir-lhe grande quota de responsabilidade se os conhecimentos aferidos reportam a conteúdos do próprio ano de escolaridade [2022/23]. Quanto à instabilidade nas escolas, o ministro repetiu, ainda há um mês, que as greves tiveram um impacto residual“.

Paulo Guinote aponta como principais culpados “os vícios do modelo”, que continuam a desincentivar os alunos, ano após ano.

“Desde logo, os alunos sabem que estas provas não servem para absolutamente nada no seu trajeto escolar e o seu empenho é muito baixo, algo que observei de forma direta (e me foi relatado por muitos colegas) ao fazer vigilância de uma das provas do 8.º ano, durante a qual metade dos alunos pouco mais fez do que assinar o nome. Este modelo de aferição das aprendizagens é inconsequente, apenas fazendo perder tempo e recursos“, considera o professor.

Além disso, Paulo Guinote diz que a implementação do formato digital não deixou os alunos seguros. Referindo-se aos resultados do exame de TIC, o professor considera ser “mesmo muito mau, que apenas cerca de 20% de alunos tenha conseguido desempenhar tarefas como investigar e pesquisar” – o que revela que os alunos não estavam devidamente preparados e “tranquilos” com os meios.

ZAP //

10 Comments

  1. 1 É natural que sejam desastrosas porque o sistema informático esteve a funcionar mal. Lentidão (o aluno tenta escrever e cada letra aparece segundos depois), queda constante do sistema. Ora ao cair o sistema as provas são entregues automaticamente no ponto em que os alunos estavam e sem hipótese de reabrir, pois o sistema avisava que já foi entregue. A matemática era preciso codificar com modis especiais as prioridades das operações (as prioridades da multiplicação sobre a soma) tal como buscar em quadros símbolos diferentes para outras operações. Os alunos perderam mais tempo a configurar do que a pensar nos problemas e nas soluções.
    2 Os professores, os docentes, tornem-se mais espertos e mais respeitadores dis encarregados de educação e aproveitem para fazer greves e reclamações agora (no momento do tratamento destes dados que interessam a pouca gente) exigirem , procurarem do que pretendem do seu patrão, que é o Ministério da Educação, prejudiquem agora o v/ patrão, para conseguirem o que precisam e não os encarregados de educação e os alunos , como sempre fazem. Pensem um pouco e encontram tempos certos para as greves.

  2. 1. É natural que sejam desastrosas porque o sistema informático esteve a funcionar mal. Lentidão (o aluno tenta escrever e cada letra aparece segundos depois), queda constante do sistema. Ora ao cair o sistema as provas são entregues automaticamente no ponto em que os alunos estavam e sem hipótese de reabrir, pois o sistema avisava que já foi entregue. A matemática era preciso codificar com modis especiais as prioridades das operações (as prioridades da multiplicação sobre a soma) tal como buscar em quadros símbolos diferentes para outras operações. Os alunos perderam mais tempo a configurar do que a pensar nos problemas e nas soluções.
    2. Os professores, os docentes, tornem-se mais espertos e mais respeitadores dis encarregados de educação e aproveitem para fazer greves e reclamações agora (no momento do tratamento destes dados que interessam a pouca gente) exigirem , procurarem do que pretendem do seu patrão, que é o Ministério da Educação, prejudiquem agora o v/ patrão, para conseguirem o que precisam e não os encarregados de educação e os alunos , como sempre fazem. Pensem um pouco e encontram tempos certos para as greves

  3. A culpa aparentemente não é de professores ou alunos. A culpa é do sistema criado de hà alguns anos para cá em que o facilitismo é a regra. Todos têm de passar, não há merito. Claro que no limite os professores são culpados porque compactuam com este sistema de avaliaçãoes onde são sobrecarregados com borucracia mas no fim todos têm de passar. Aparentemente olham mais para o seu umbigo, que é como quem diz o cheque que recebem ao fim do mês do que as crianças que estão formando, As reenvidicações são sobre salarios e sobre recuperação de tempo de serviço e não (também ) sobre o estado a que o nosso ensico chegou, Valham ao menos as universidades que aparentemente ainda vão premiando o merito e aprovando quem sabe e não quem aparece e participa. Talvez um dia lá chegaremos. Os professores seriam levados muito mais a serio se junto com as suas reenvidicações pessoais, pedissem a alteração das formas de avaliação, o respeito pelos professores que não é nenhum quer pelos alunos quer pelos pais dos alunos e acabarem com a borucracia a que estão sujeitos. Mas aparentemente a sua inteligente chefia sindical acha mais produtivo discutir apenas um dos problemas do ensido , o que lhes diz apenas respeito a eles .

  4. Basicamente, a responsabilidade – para não dizer a «culpa» – é do ministro da Educação e do primeiro-ministro que tinha obrigação do desastre feito desde que o famigerado PS tomou o poder à má fila faz agora 8 anos! Não há desculpas e, a conbtinuare assim, o país continuará a descer rapidamente na escala europeia!

  5. O que interessa é a igualdade de género, homossexualidade, casas de banho mistas ou especificas para aqueles que não são nem meninas, nem meninos etc… o Wokismo promovido nas escolas por alguns professores que querem é paz e sossego tem retirado o ensinamento do esforço e mérito, passando a ideia que o estudo e obtenção de boas notas não tem qualquer relação, e o que importa é respeitar a vontade de cada individuo e ser inclusivo.

  6. Resultado da obra costista:

    – Exames Nacionais só a algumas disciplinas e para acesso à universidade;

    – Provas globais facílimas, sem contarem para a avaliação, a pouquíssimas disciplinas, para enganar os pais;

    – Programas TODOS revogados, substituídos por “aprendizagens essenciais” (fraude para todos passarem);

    – Testes quase suprimidos. O Sr. João Costa é seguidor da moderníssima pedagogice: Fim da avaliação e do curriculo;

    – Passagem, materialmente, obrigatória: a avaliação é uma mera formalidade, fraudulenta.

  7. Resultado do bom trabalho, dos professores! No privado não se passa assim!!! Porquê?
    É o momento de se avaliarem os professores independentemente dos anos de profissão que tenham.
    É uma vergonha todas estas greves a pedir aumentos salariais, deviam era indemnizar os alunos pelo péssimo trabalho que têm feito.

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