Reino Unido junta-se aos EUA e começa a retirar diplomatas da Ucrânia

Depois dos Estados Unidos, também o Reino Unido começou a retirar funcionários da sua embaixada em Kiev, na Ucrânia.

Funcionários da embaixada do Reino Unido em Kiev começaram a sair da Ucrânia face à “crescente ameaça” de uma invasão da Rússia, anunciou o Governo britânico, um dia depois de uma decisão idêntica dos Estados Unidos.

“Alguns funcionários da embaixada” e os seus familiares “estão a retirar-se de Kiev em resposta à crescente ameaça da Rússia”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O ministério disse que a embaixada em Kiev “permanece aberta e continuará a levar a cabo as suas tarefas essenciais”.

O anúncio do Reino Unido segue-se à decisão dos Estados Unidos de ordenar às famílias dos seus diplomatas que abandonem a Ucrânia “devido à ameaça persistente de uma operação militar russa”.

O pessoal local e não-essencial pode deixar a embaixada se desejar e os norte-americanos residentes na Ucrânia “devem agora considerar” abandonar o país vizinho da Rússia em voos comerciais ou por outros meios de transporte, disse o Departamento de Estado num comunicado.

“A situação de segurança, especialmente ao longo das fronteiras ucranianas, na Crimeia ocupada pela Rússia e na região de Donetsk, controlada pela Rússia, é imprevisível e pode degradar-se a qualquer momento”, acrescentou.

A Rússia concentrou cerca de 10.000 soldados na sua fronteira com a Ucrânia nos últimos meses, o que levou os Estados Unidos e os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) a acusar Moscovo de pretender invadir novamente o país vizinho, depois de ter ocupado e anexado a Crimeia em 2014.

UE não planeia retirada de pessoal de Kiev

O Alto Representante da União para a Política Externa e de Segurança não está a pensar ordenar a retirada do seu pessoal diplomático da Ucrânia, a menos que o secretário de Estado norte-americano partilhe “mais informação” que justifique tal medida.

Em declarações à chegada de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, que volta a ter como assunto em destaque na agenda a tensão na fronteira da Ucrânia com a Rússia, Josep Borrell, questionado sobre a decisão de Washington de ordenar a retirada das famílias dos diplomatas dos EUA colocados em Kiev, comentou que não se deve “dramatizar”.

Recordando que o chefe da diplomacia dos EUA, Anthony Blinken, vai participar, por videoconferência, na discussão sobre a situação de segurança na Ucrânia, Borrell disse que essa será uma oportunidade de o secretário de Estado norte-americano explicar aos 27 a razão desse anúncio, que, nesta fase, a UE não pensa seguir.

“Blinken vai explicar-nos a razão desse anúncio. Nós não vamos fazer o mesmo, pois não temos razões especificas para tal. Penso que não devemos dramatizar. Enquanto as negociações prosseguirem, e elas estão a prosseguir, não creio que tenhamos de deixar a Ucrânia. Mas talvez Blinken tenha mais informação para partilhar connosco”, declarou o dirigente espanhol.

Insistindo que a UE tem mantido com os Estados Unidos “uma forte coordenação”, e que, “durante todo o processo, a UE tem estado em contacto próximo e em grande coordenação com os Estados Unidos, sendo informada antes, durante e depois dos encontros” que os norte-americanos têm mantido em busca de uma solução negociada e pacífica com Moscovo, Borrell reiterou que os 27 não equacionam nesta altura ordenar a retirada dos familiares do seu pessoal diplomático em Kiev.

“A não ser” que Blinken tenha nova informação “que justifique” essa medida, revelou.

Relativamente às sanções que a União está a preparar para responder a uma eventual “agressão” da Rússia contra a Ucrânia, o Alto Representante adiantou que “nada de concreto vai ser aprovado hoje, porque há um processo, que está em curso”, e não é o momento ainda de “anunciar quaisquer medidas concretas”, que serão sempre coordenadas com os “aliados”.

Borrell reafirmou que, nesta matéria, os 27 têm dado mostras de “uma unidade sem precedentes”, rejeitando quaisquer diferenças, designadamente com a Alemanha, alegadamente menos adepta de sanções contra Moscovo que possam ter consequências económicas para o bloco europeu.

Os chefes de diplomacia da União Europeia, entre os quais o ministro Augusto Santos Silva, discutem esta segunda-feira a tensão no Leste da Europa, à luz do conflito entre Ucrânia e Rússia, num Conselho, em Bruxelas, no qual participará por videoconferência o chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken.

ZAP // Lusa

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