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Regulador norte-americano quer travar Meta na realidade virtual

JD Lasica / Wikimedia

Mark Zuckerberg, o dono da Meta.

FTC avança com queixa contra a Meta, para tentar impedir que a empresa compre mais um estúdio de aplicações para realidade virtual.

A Comissão Federal de Comércio (FTC) está a tentar impedir que a Meta compre a Within, um estúdio que desenvolve conteúdos para realidade virtual.

De acordo com o regulador norte-americano, a empresa de Mark Zuckerberg já é demasiado grande no setor da realidade virtual.

“A FTC está a tentar impedir que a gigante de realidade virtual Meta e o seu acionista principal e CEO Mark Zuckerberg comprem a Within Unlimited e a sua popular aplicação de realidade virtual dedicada à área de fitness, a Supernatural”, indica a comissão, em comunicado.

A agência acusa a Meta de “já ser um dos principais participantes em cada nível do setor da realidade virtual”, acrescentando que o “império de realidade virtual da empresa já inclui um dispositivo que lidera as vendas, uma loja de aplicações líder, mais sete entidades bem-sucedidas no desenvolvimento [de aplicações para realidade virtual] e uma das aplicações mais vendidas de sempre”.

A FTC acredita que a tecnológica está a “planear expandir o império de realidade virtual da Meta com mais uma tentativa para adquirir ilegalmente uma aplicação dedicada a fitness que prova o valor da realidade virtual para os utilizadores”.

A aplicação Supernatural permite praticar exercício com realidade virtual. Através do headset Meta Quest, o exercício pode ser realizado em cenários paradisíacos, desde os Galápagos às ruínas de Machu Picchu, ou até mesmo na superfície de Marte.

Para além dos treinos, a aplicação também tem uma componente relacionada com a área da meditação. Em 2020, a revista Time analisou a aplicação e considerou-a “uma das melhores invenções do ano“.

“Em vez de estar a competir por méritos, a Meta está a tentar comprar o seu caminho até ao topo”, sublinhou John Newman, diretor da área da concorrência na estrutura da FTC, em comunicado.

A agência realça que a tecnológica é a maior fornecedora de equipamentos de realidade virtual, bem como a maior na área das aplicações.

Em fevereiro, a aplicação Horizon Worlds desenvolvida pela Meta e já a pensar no metaverso, tinha 300 mil utilizadores no mercado dos EUA e Canadá.

A empresa também controla o estúdio responsável pela criação da aplicação de fitness em realidade virtual Beat Saber – um rival da Supernatural. A aquisição foi feita em 2019, por um montante que não foi revelado na altura.

“Atualmente as duas empresas desafiam-se uma à outra para continuar a acrescentar novas funcionalidades e atrair mais utilizadores, rivalidade competitiva que seria perdida caso esta aquisição tenha autorização para continuar”, lê-se no comunicado.

A Meta refutou as acusações feitas pela FTC ao The Verge, afirmando que “o caso da FTC é baseado em ideologia e especulação, não em provas. A ideia de que esta aquisição pode levar a resultados anti-concorrência num espaço dinâmico e com tantas possibilidades de entrada e crescimento como o fitness online e conectado não é simplesmente credível”, garantiu Stephen Peters, porta-voz da Meta.

“Ao atacar este negócio”, acrescenta, a “FTC está a enviar uma mensagem arrepiante a qualquer negócio que deseje inovar na realidade virtual”.

Na ótica da tecnológica, a “compra da Within será boa para as pessoas, para os programadores e para a área da realidade virtual”.

A comissão informou que já deu entrada com uma queixa anti-concorrencial no tribunal da Califórnia, com o objetivo de travar esta aquisição.

Receitas da Meta caem pela primeira vez

No segundo trimestre do ano, o volume de negócios da Meta caiu 1%, para 28,8 mil milhões de dólares, e os seus resultados líquidos passaram para 6.687 milhões de dólares, contra 10.394 milhões em termos homólogos.

A dona do Facebook e do Instagram viu pela primeira vez o seu volume de negócios cair 1% no segundo trimestre do ano, para 28,8 mil milhões de dólares, enquanto os lucros caíram 36%.

Num contexto em que enfrenta a concorrência de outras plataformas, como o TikTok, e cortes orçamentais dos anunciantes devido à conjuntura económica, as receitas trimestrais da gigante tecnológica caíram pela primeira vez.

Desde o início do ano que os lucros da empresa caíram 29%, face aos primeiros seis meses de 2021, para 14.152 milhões de dólares, enquanto as receitas subiram de 55.248 milhões de dólares para 56.729 milhões de dólares.

Os ganhos por ação no segundo trimestre foram de 2,46 dólares, contra os 2,54 dólares esperados pelos analistas consultados pela FactSet, que previam receitas de 28,91 mil milhões de dólares. No primeiro semestre do ano, os investidores embolsaram 5,21 dólares por ação, contra 7,00 dólares em igual período de 2021.

Alice Carqueja, ZAP //

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