Os chineses podem mesmo ser melhores a matemática. Há uma razão

Existe o estereótipo de que os chineses são ótimos na matemática. A realidade é que pode haver uma razão científica para pensarmos isto.

A língua desempenha um importante papel na facilidade com que as crianças aprendem a contar e a compreender conceitos matemáticos básicos. Investigações recentes sugerem que as palavras utilizadas para os números em diferentes línguas podem afetar a compreensão numérica.

Quando se trata de contar, línguas como o inglês apresentam complexidades. Em inglês, não existe uma regra sistemática para a designação dos números. A seguir a dez, há palavras como “eleven” e “twelve”, seguidas de palavras como “thirteen”, “fourteen” e assim por diante.

Algumas palavras inglesas invertem os números a que se referem, como “fourteen”, que refere o quatro primeiro, embora seja apenas o segundo algarismo, exemplifica a BBC Science Focus.

Os números franceses são algo consistentes até 60, sendo que depois o sistema muda para uma estrutura vigesimal baseada em múltiplos de 20. Por exemplo, a palavra francesa para 71 é “soixante-et-onze” (sessenta e onze), e 99 é “quatre-vingt-dix-neuf” (quatro-vinte e dezanove). As crianças francófonas nativas tendem a ter mais dificuldades com este sistema do que as crianças anglófonas.

Por outro lado, as palavras numéricas chinesas não apresentam irregularidades, oferecendo um padrão consistente que ajuda na compreensão. Uma vez conhecidas as palavras de 1 a 10, as outras podem ser facilmente deduzidas. Por exemplo, “onze” em chinês é “shi yi” (dez-um), e “vinte” é “er shi” (dois-dez). A transparência linguística do chinês facilita os primeiros passos das crianças.

Estudos realizados em meados da década de 1990 revelaram que as crianças chinesas estavam cerca de um ano à frente das suas congéneres americanas na contagem de números maiores. As crianças chinesas também demonstraram uma melhor compreensão do sistema de contagem de base 10, que é mais óbvio em chinês do que em inglês.

Para investigar este facto, os investigadores realizaram uma tarefa em que as crianças utilizavam blocos para representar dezenas e unidades para ilustrar diferentes quantidades. As crianças de países da Ásia Oriental com maior transparência linguística tinham mais probabilidades de combinar os dois conjuntos de blocos para representar números maiores, enquanto as crianças que falavam inglês, sueco ou francês tinham tendência para contar os números maiores individualmente.

Resultados semelhantes foram observados no galês, onde as palavras numéricas também possuem transparência linguística. As crianças de língua galesa mostraram vantagens na leitura em voz alta de pares de números de dois dígitos e na identificação do número maior.

Estas vantagens não se reproduziram na habilidade matemática no geral, indicando que a influência da língua nas competências numéricas é específica e não generalizada.

Embora a língua possa não abranger toda a matemática, os dados sugerem que pode influenciar algumas competências específicas, como as frações. O coreano, por exemplo, enuncia explicitamente a relação entre frações e partes, proporcionando uma vantagem às crianças coreanas na correspondência entre as frações nomeadas e os diagramas que ilustram a quantidade.

ZAP //

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