Radovan Karadzic recorre da sentença a 40 anos de prisão

Mikhail Evstafiev / Wikimedia

Radovan Karadzic, ex-líder dos sérvios bósnios

Radovan Karadzic, ex-líder dos sérvios bósnios

O antigo líder político dos sérvios da Bósnia recorreu hoje da sentença a 40 anos de prisão por genocídio e acusou os juízes de terem realizado um “processo político”.

Nos documentos apresentados, Radovan Karadzic indica 50 razões para recorrer da sentença do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ), garantindo ser vítima “de um processo político encenado para confirmar a diabolização do povo sérvio da Bósnia e ele próprio”, afirmou o advogado Peter Robinson, em comunicado.

No veredito histórico de 24 de março passado, os juízes do TPIJ reconheceram o ex-líder político culpado de genocídio pelo assassínio de cerca de oito mil homens e rapazes muçulmanos em Srebrenica, em julho de 1995, no pior massacre cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Karadzic foi também reconhecido culpado em nove outras acusações, mas os juízes consideraram não existirem provas suficientes para afirmar, para além de dúvida razoável, que tinha cometido genocídio em sete outros municípios bósnios.

O ex-líder sérvio bósnio, que tinha anunciado a intenção de interpor recurso, considerou que os juízes “presumiram a sua culpa e construíram um processo para justificar essa presunção”, afirmou o advogado.

Peter Robinson disse que o processo não foi justo por ter sido conduzido por juízes “que nada sabem da região, da cultura, línguas ou história, que se baseiam em procedimentos estrangeiros e conduzem um processo numa língua estrangeira”.

Radovan Karadzic, de 71 anos, foi o mais importante responsável a ser julgado neste tribunal pelos crimes cometidos durante esta guerra, após a morte, em 2006, do antigo Presidente sérvio Slobodan Milosevic durante o seu processo.

Antigo presidente da entidade dos sérvios bósnios, a República Sprska, Karadzic fugiu à justiça internacional durante 13 anos, escondendo-se sob a identidade de um especialista em medicinas alternativas.

Detido em 2008, o processo começou em 2009 e terminou em 2014, após 497 dias de audiências e 586 testemunhas.

A guerra na Bósnia, entre 1992 e 1995, deixou mais de cem mil mortos e 2,2 milhões de deslocados.

/Lusa

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