A proporção de queixas sobre os tempos de espera é maior nas unidades de saúde privadas do que no SNS.
As queixas sobre os tempos de espera no primeiro trimestre deste ano tiveram mais peso no setor privado do que no Serviço Nacional de Saúde. Cerca de 30% das reclamações feitas nos centros de saúde entre janeiro e março estavam relacionadas com as dificuldades no acesso aos cuidados, escreve o JN.
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu 21 291 reclamações, elogios e comentários, sendo que 15 483 (72,72%) foram queixas. Talvez surpreendentemente, as queixas sobre o tempo de espera representaram 22,47% de todas as reclamações no privado e apenas 12,9% no público.
No total, as unidades de saúde do setor público foi alvo de 8717 queixas (56,3% do total) e o privado recebeu 6471 (41,8%). A principal causa das queixas nos hospitais públicos foi a focalização no utente (16% das queixas), enquanto nos hospitais privados as questões financeiras foram as que mais desagradaram aos utentes (17,5%). Nos privados sem internamento, os procedimentos administrativos foram o motivo da maior parte das queixas (19,4%).
O número de queixas que chegam à ERS tem disparado nos últimos anos. Em 2021 foram 84 024 e ultrapassaram as 100 mil — 108 041 — no ano passado. A nível regional, os centros de saúde no Norte saíram-se melhor do que os de Lisboa e Vale do Tejo. A ARS Norte somou 942 queixas no primeiro trimestre enquanto que a ARS Lisboa recebeu 1097.
O Centro Hospitalar Lisboa Norte (que inclui os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente) foi o mais visado, tendo sido alvo de 546 reclamações, seguindo-se o Garcia de Orta, em Almada, com 521. O Centro Hospitalar de S. João surge no terceiro lugar, com 503 reclamações.