Hubble capta surpreendente quasar em forma de espiral

(dr) ESA

Quasar J0742+2704

Os cientistas que usam o Telescópio Espacial Hubble para estudar quasares distantes – os objetos mais brilhantes do Universo – capturaram uma imagem rara que levanta novas questões sobre como se formam estes objetos espaciais.

Os quasares, que podem ser milhares de vezes mais brilhantes do que a Via Láctea, são causados ​​por buracos negros supermassivos nos núcleos de galáxias distantes que consomem enormes quantidades de material que, depois de aquecido, é expelido em jatos.

Os cientistas acreditam que estes jatos são desencadeados por grandes fusões de galáxias, que canalizam gás em direção ao buraco negro e interrompem qualquer formação espiral que uma galáxia possa ter tido anteriormente.

A mais recente descoberta do quasar J0742+2704, que fica no centro de uma galáxia espiral, sugere que os jatos podem, afinal, ser formados por outro processo desconhecido.

“Normalmente, vemos os quasares como galáxias mais antigas que se tornaram muito massivas, juntamente com os seus buracos negros centrais, depois de passar por fusões confusas, tendo causado a forma elíptica”, explicou a astrónoma Kristina Nyland.

“É extremamente raro e emocionante encontrar uma galáxia hospedeira de quasar com braços espirais e um buraco negro que tem mais de 400 milhões de vezes a massa do Sol, além de jatos jovens que não eram detetáveis ​​há 20 anos”, acrescentou.

De acordo com o comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA), o quasar J0742+2704 foi descoberto com um jato recém-nascido em 2020.

Apesar de não parecer ter passado por uma grande fusão galáctica disruptiva, a imagem do Hubble revela uma distorção num dos seus braços – uma cauda de maré, ou corrente de gás, puxada pela gravidade de uma galáxia próxima.

Segundo Nyland, pode estar a interagir com outra galáxia, “que está a puxar gravitacionalmente seu braço espiral”.

Outra pista apontada pelos astrónomos é a presença de uma grande galáxia na parte inferior direita do quasar, que parece ser uma galáxia anelar. Esta forma pode formar-se quando uma pequena galáxia passa pelo centro de uma maior.

“A galáxia anelar pode ser uma pista sobre o que está a acontecer neste sistema. Podemos estar a testemunhar as consequências da interação que desencadeou este jato quasar jovem”, rematou Nyland.

Os investigadores vão levar a cabo análises mais aprofundadas dos dados do Hubble e fazer o acompanhamento com outros telescópios para confirmar as distâncias das galáxias e como podem estar a afetar-se umas às outras.

ZAP //

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