Os especialistas mostram-se reticentes sobre a necessidade de uma quarta dose da vacina por causa da Ómicron e lembram que as vacinas actuais já são eficazes na prevenção da doença grave.
Numa altura em que registam novos picos de casos de covid-19 na Europa devido à variante Ómicron, que levou a que a União Europeia avançasse com a compra de mais vacinas, os especialistas continuam a considerar que ainda não há dados que comprovem que será precisa uma quarta dose.
António Costa revelou que Portugal já pediu doses à UE para uma quarta dose de uma vacina já adaptada à Ómicron para as populações de risco, caso esta se revele necessária. O número de doses ainda não é conhecido, mas antecipa-se uma entrega durante 2022.
Os especialistas ouvidos pelo ECO já esperavam que estas precauções tivessem lugar, mas alertam que ainda não há provas científicas da necessidade de uma quarta dose.
“Neste momento, não é fácil termos a certeza sobre se vai ou não ser inevitável esta quarta dose”, revela Miguel Prudêncio, investigador do Instituto de Medicina Molecular.
Os estudos até agora mostram que “as duas doses da vacina actuais têm uma eficácia inferior” contra a Ómicron face a outras variantes, nomeadamente contra doença sintomática”, mas que “essa proteção aumenta muito significativamente com a dose de reforço”.
Uma investigação preliminar divulgada na quarta-feira pelo Imperial College London concluiu que o risco de hospitalização para pacientes da variante Ómicron é entre 40% a 45% inferior aos doentes com a variante Delta, o que parece confirmar a ideia de que apesar de ser mais contagiosa, a nova variante tem sintomas mais leves.
Outro estudo da África do Sul também aponta para que o risco de internamento dos doentes com Ómicron seja menor do que nos pacientes infectados com a Delta, mas ainda nenhuma das pesquisas foi revista por pares.
Bernardo Gomes, médico de Saúde Pública, também tem reservas sobre a eventual necessidade de uma quarta dose e refere que em 2022 devem ser conhecidas “mais novidades sobre outro tipo de vacinas”.
“Não estou a falar só de vacinas adaptadas a uma determinada variante, mas vacinas, que, por exemplo, bloqueiem a transmissão ou vacinas que consigam ter um reconhecimento mais transversal do coronavírus poupando-nos ao facto de ter que andar em atualização de vacinas”, explica o especialista.
Apesar de as vacinas actuais darem uma boa resposta, há ainda dúvidas sobre a duração da sua resposta imunitária e adaptação a outras variantes. Bernardo Gomes também deixa em cima da mesa a criação de uma vacina de segunda geração mais perene, que seja administrada como a da gripe.
Já Pedro Simas considera que a administração de quartas doses nos mesmos moldes em que se está a dar a terceira não será necessária, mesmo com a variante Ómicron. O director do Católica Biomedical Research Center sublinha que a protecção da terceira dose contra a doença sintomática da Ómicron pode “chegar aos 70%” e que esta taxa “é praticamente igual às duas doses em termos de eficiência para a Delta”.
O investigador realça também a elevada taxa de vacinação em Portugal. “Eu sei que há alguma incerteza, mas temos uma população que está 90% vacinada com as duas doses e agora quase 30% de terceiras doses dadas, principalmente acima dos 70 anos. Temos os grupos de risco muito protegidos”, remata.
4@, 5@, 6@… never ending story