A porta do próximo Governo espanhol ainda está trancada e ninguém está certo do que estará por trás dela. O PSOE, de Pedro Sanchéz, está dependente dos sete votos do Junts per Catalunya, para formar Governo. O “sim” dos catalães pode estar à distância de um referendo de independência e uma amnistia para os envolvidos no referendo de 2017.
Carles Puigdemont está a exigir um acordo político, a Pedro Sánchez, para “resolução do conflito na Catalunha”, em troca do “sim” do Junts per Catalunya.
Através de uma publicação na sua página da rede social Twitter/X, o líder independentista catalão referiu que Pedro Sanchéz só tem três opções.
“Ou o Junts vota sim [com as condições exigidas], ou o PSOE facilita a investidura de Feijóo (ou do candidato que os Populares propõem), ou vamos à repetição das eleições”, escreveu o fundador do partido catalão.
Carles Puigdemont considera que o seu partido está no “centro das conversas e especulações”, sendo fundamental, caso Pedro Sanchéz queira manter-se na governação do país.
“O atual Presidente do Governo e candidato socialista à reeleição só pode ser eleito se obtiver o voto afirmativo de uma coligação muito ampla, incluindo os 7 votos dos Junts per Catalunya“.
El recompte definitiu dels vots ha comportat un canvi puntual a l’assignació d’escons al Parlament espanyol però rellevant en l’equació per a qualsevol investidura. L’actual president del Govern i candidat socialista a la reelecció només podrà ser escollit si obté el vot…
— krls.eth / Carles Puigdemont (@KRLS) July 29, 2023
Mas tudo tem um preço… e o preço dos sete votos do Junts será a aprovação de um referendo de autodeterminação e uma amnistia para os envolvidos no referendo ilegal de 2017, no qual Carles Puigdemont também está incluído.
Puigdemont, atualmente, é eurodeputado. Está exilado exilado na Bélgica, desde 2017, há “cinco anos e nove meses”, onde continua a ser perseguido pela justiça espanhola.
“Tenho recebido ameaças todas as semanas e sido alvo de vergonhosas campanhas de difamação (…) Já colocaram dispositivos de rastreamento no meu carro (…) Já fui apresentado como populista, eurofóbico e xenófobo…”, escreveu.
“Estou convencido de que, se tivesse desistido de ocupar o cargo e de fazer política, teria sido poupado de muitas dessas coisas desagradáveis”, concluiu.
“Ter a chave é circunstancial”
Carles Puigdemont diz ter “a chave” para destrancar a porta ao novo Governo espanhol, recusando, por isso, “chantagens e pressões” dos socialistas.
O Junts per Catalunya votou contra a investidura de Sánchez na última legislatura, mas, desta vez, Pedro Sanchéz terá de contar com o apoio dos sete deputados do partido catalão para voltar a liderar o Governo.
“Ter a chave é circunstancial. Um dia temo-la, no dia seguinte já não, e nunca podemos perder isso de vista. Isso não nos pode fazer cair nem na pressa diante do medo de perdê-la, nem no exagero diante de um poder inevitavelmente efémero”, advertiu Puigdemont.
A vice-primeira-ministra da Espanha, María Jesús Montero, rejeita, no entanto, as exigências de Puigdemont, afirmando que o PSOE só poderia negociar dentro das margens legais da Constituição espanhola.
Os socialistas alertam que a teimosia dos catalães poderá fazer com que a extrema-direita chegue ao Governo, em caso de repetição de eleições.