Há provas de que Salgado terá mandado falsificar contas do GES

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Mário Cruz / Lusa

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

O advogado que representa o BES em Liquidação apresentou em tribunal uma série de provas de que Salgado terá mandado falsificar contas do GES.

A defesa de Ricardo Salgado defende que a falsificação das contas da Espírito Santo Internacional foram da responsabilidade exclusiva do contabilista Francisco Machado da Cruz. Esta quarta-feira, durante o debate instrutório do caso da queda do Universo Espírito Santo, o advogado Miguel Pereira Coutinho recusou essa ideia.

“Essa narrativa acaba hoje aqui”, atirou o advogado, citado pelo jornal Público, apresentando de seguida uma série de provas que sugerem o envolvimento de Ricardo Salgado.

“Ficou vastamente provado que a cabeça e o ‘Big Boss’ do BES era Ricardo Salgado”, resumiu, formulando um pedido ao juiz de instrução Pedro Santos Correia: “Pronuncie nos exatos termos da acusação, assim se fazendo justiça”.

Notas manuscritas pelo ex-banqueiro, perícias da sua agenda, documentos de contabilidade, emails ou transcrições de conversas gravadas entre os seus colaboradores mais próximos são alguma das armas com que se muniu o advogado que representa o BES em Liquidação.

“É inacreditável que nove anos após o colapso do BES ainda se esteja a decidir se o que aconteceu tem dignidade para ir a julgamento”, lamentou ainda Miguel Pereira Coutinho. “Todos voltaram as costas a toda a prova documental existente no processo e ao que foi admitido pelos próprios arguidos durante o inquérito”.

Nuno Silva Vieira, representante de 1.600 lesados do BES, lembrou as palavras de Ivo Rosa que defendeu que este caso é o maior e mais complexo processo da Justiça portuguesa e disse que “teremos de o transformar no maior exemplo indemnizatório da nossa história democrática”.

Além disso, argumentou que os bens arrestados estão a desvalorizar e, por isso, devem ser “imediatamente vendidos”. As verbas devem ser guardadas para financiarem eventuais compensações.

“Este não é o processo do doutor Ricardo Salgado”, sublinho Nuno Silva Vieira, citado pelo Público. “Este é o processo em que se apuram responsabilidades criminais, patrimoniais e não patrimoniais de várias pessoas que destruíram vidas, sonhos, casamentos, relações e tranquilidade familiar”.

A sessão prossegue esta quinta-feira, no tribunal de Monsanto, com a conclusão das alegações dos representantes dos assistentes e o início das intervenções das defesas dos arguidos, sendo que os advogados de Ricardo Salgado apenas deverão fazê-lo na sexta-feira.

Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.

Segundo o MP, cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

ZAP //

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