Portugal pronto para reexportar gás a partir de Sines em “poucos meses”

Portugal mostra-se disponível para, em “poucos meses”, reexportar gás natural a partir do porto de Sines, enquanto o projeto do gasoduto não avança.

O gasoduto para ligar a Península Ibérica ao resto da Europa continua em águas de bacalhau. Ainda esta terça-feira, Espanha e Alemanha reiteraram a necessidade de acelerar as ligações para transporte de energia, com o líder do Governo alemão a garantir fará “o possível” para que se concretizem.

Pedro Sánchez, por seu turno, avisou que se o projeto do gasoduto dos Pirenéus “não se desenvolver ao ritmo adequado”, por obstáculos colocados por França, a própria União Europeia definiu “outra possibilidade”, que é a de uma ligação com Itália.

Enquanto a ideia não se concretiza, o Governo português acredita que “a muito curto prazo, num espaço de poucos meses, é possível montar a operação” que permitirá reexportar gás natural para o resto da Europa desde o porto de Sines. O transbordo — ou transshipment — seria feito através de “barcos mais pequenos”.

Em declarações ao Público, Tiago Antunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, assumiu que o projeto do gasoduto “levará alguns anos a concretizar”. No entanto, Portugal tem uma “solução mais de curto prazo, que passa pela utilização do porto de Sines e através deste, via transshipment, fornecer [gás natural] ao resto da Europa, através de barcos mais pequenos”.

Em maio, o Porto de Sines, a REN – Redes Energéticas Nacionais, o Governo e outras entidades publicaram um relatório que colocava a hipótese de, ainda este ano, o porto de Sines ser utilizado para reexportar gás para a Europa.

A reexportação poderá ser uma opção interessante, uma vez que vários portos no centro e norte da Europa não têm condições para receber navios metaneiros de grande dimensão, como os que Sines recebe, noticiava o Expresso, na altura.

Portugal consome anualmente cerca de 5,5 mil milhões de metros cúbicos (5,5 BCM) de gás natural. O investimento em Sines ajudaria não só a capacidade de importação, mas também a capacidade de receção e reexportação imediata de até 6 BCM de gás natural.

“A médio prazo (18 a 24 meses) poderá estar disponível uma solução mais definitiva e também preparada para a exportação de hidrogénio líquido, assegurando maior flexibilidade entre a receção e expedição de navios”, explicou o Ministério do Ambiente.

Além do gás natural liquefeito, o Ministério do Ambiente considera determinante “posicionar o porto de Sines como um importante hub de hidrogénio verde e matérias-primas associadas”.

Daniel Costa, ZAP //

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