Portugal foi importante na propagação do mpox pelo mundo (e as saunas também)

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NIAID / Flickr

Vírus da varíola dos macacos

Estudo analisou a dinâmica de transmissão do surto da varíola dos macacos em Portugal. As saunas foram “superpropagadoras”.

A varíola dos macacos, entretanto designada monkeypox (mpox), assustou muita gente no ano passado. Temia-se uma nova pandemia.

A infecção por mpox é uma doença zoonótica causada por um vírus do género Orthopoxvirus, o mesmo género do vírus da varíola humana.

Em Maio de 2022 o vírus chegou a Portugal, que foi um dos primeiros países a assinalar casos – embora com risco baixo para a população geral, sendo o risco moderado para homens que praticam sexo com homens.

Entretanto o medo terá desaparecido completamente. Aparentemente, as cadeias de transmissão foram totalmente interrompidas.

Agora foi publicado um estudo que analisou o agrupamento genético viral e a dinâmica de transmissão do surto da varíola dos macacos em Portugal, no ano passado.

Nesta análise foram utilizados dados genéticos, clínicos, laboratoriais e epidemiológicos de Portugal, onde o vírus é monitorizado pelo Sistema de Informação Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).

O portal Genome Web explica que os investigadores reuniram sequências do genoma viral representativas de 495 casos de mpox confirmados por testes PCR – ou seja, mais de metade dos mais de 900 casos identificados em Portugal no ano passado.

Os autores começam por confirmar que o surto afectou mais homens que fazem sexo com homens: apresentavam lesões cutâneas na área anogenital, sugerindo maior transmissão através de “redes sexuais”.

A maioria dos infectados eram homens com menos de 40 anos. Desses, quase metade tinha testado positivo para o vírus da SIDA, o VIH. 97% praticavam sexo com homens.

Os autores lembram que, além de ter sido um dos primeiros a assinalar casos, Portugal foi um dos países mais afectados na fase inicial do surto do vírus. Por isso, “é muito provável que as epidemias de Portugal tenham desempenhado um papel importante no início e ampla disseminação do mpox em todo o mundo”.

Quase todos os casos em Portugal foram inseridos na linhagem B.1. Só um caso escapou.

As sub-linhagens virais parecem apoiar a ideia de que as sub-linhagens que se espalharam pelo mundo surgiram precocemente e espalharam-se antes em Portugal.

Sobre os padrões de transmissão, o estudo reforça a importância das relações sexuais e, nesse contexto, destaca outro aspecto: as reuniões de “superpropagadores” em locais onde ocorreram contactos sexuais.

Essas reuniões terão sido em saunas, que podem ter contribuído para a propagação precoce do mpox.

Os autores do estudo não confirmam que as saunas foram o “principal gatilho” da disseminação do mpox, mas admitem que estas reuniões foram importantes na “superpropagação na disseminação do surto” em Portugal.

ZAP //

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