Não é raro passarmos os olhos por um álbum de fotografias antigas sem nos questionarmos sobre a razão pela qual os jovens daquelas épocas parecem “envelhecidos” quando comparados aos da atualidade. Mas será que essa perceção está correta?
Num vídeo publicado no canal Vsauce, o palestrante e youtuber norte-americano Michael Stevens analisou aquilo que classifica como “envelhecimento retrospetivo”, levantando a seguinte questão: embora algumas fotografias que comparamos sejam tendenciosas em termos de seleção, será que existe alguma verdade na associação acima estabelecida?
Stevens afirma que sim, mas não inteiramente. Embora não seja surpreendente que as melhorias nas condições de vida afetam o envelhecimento, esse efeito é percetível ao longo de apenas algumas décadas, como provou um estudo publicado em 2018 na National Library of Medicine. Neste, foram comparadas as alterações no envelhecimento biológico em relação à idade cronológica, entre 1988 e 2010.
Os investigadores concluíram que, mesmo nesse curto espaço de tempo, havia diferenças significativas no envelhecimento, sendo as gerações mais recentes biologicamente “mais jovens” do que as anteriores.
“Nos últimos 20 anos, a idade biológica da população” dos Estados Unidos (EUA) “parece ter diminuído (…) em todas as faixas etárias”, escreveu a equipa no estudo.
As conclusões, no entanto, não foram iguais para os dois géneros. “Os nossos resultados mostraram que os jovens do sexo masculino tiveram mais melhorias do que as jovens do sexo feminino”, referiram os especialistas.
this is nonsense but did people in the past look older when they were younger?
— Brandon McCarthy (@BMcCarthy32) December 27, 2019
Esta descoberta, continuaram, pode explicar “porque é que a mortalidade precoce dos adultos diminuiu mais para os homens do que para as mulheres, contribuindo para um estreitamento da diferença de mortalidade entre ambos os sexos. As melhorias foram também maiores para os adultos mais velhos do que para os mais jovens”.
No estudo foram analisados fatores como o tabagismo, o que explica em parte o estreitamento na idade biológica entre os géneros, visto que os homens começaram a fumar menos e as mulheres mais. Outras explicações, não analisadas no estudo, se relacionam com as condições no pré-natal e a redução de doenças infeciosas.
Soccer players in the 70s looked super old. This is one of the stars of the 1974 World Cup, Grzegorz Lato. He was 24 years old at the time pic.twitter.com/JB7kvwsNLZ
— Dominik Stecuła 🇺🇦 (@decustecu) December 31, 2019
Mas estes fatores, por si só, não justificam nem explicam totalmente a razão pela qual as pessoas do passado nos parecem mais velhas. De acordo com Stevens, um grande fator é, meramente, o nosso preconceito perante as modas mais antigas: associamos modas antigas ao facto de “ser velho”.
Dessa forma, explicou no vídeo, sempre que vemos uma fotografia de um jovem com uma peça de roupa que consideramos antiga, também o consideramos velho. Será?
Por exemplo, atualmente, a moda é “ser magro”, e “forjar essa magreza”.
O que se faz, no caso das fotografias ridículas de Instagram? Encolher a barriga, ou meter a mão na cintura, com o polegar a “segurar” as costas, e os outros quatro dedos a “pressionar” a barriga.
O que se faz, também, para denegrir quem é um pouco mais gordo, é usar roupa muito justa, no máximo (na sua larga maioria), até ao tamanho 48, ou vestir aqueles fatos e gravatas (que não o parecem) ridiculamente justos, à Joker Palmeira (tenho de usar metáforas para não censurarem o meu comentário).
Antigamente, as pessoas não vivam na moda (pelo menos, é a minha perceção) de esconder e fazer parecer. Hoje em dia, quase todos esses corpos “perfeitos” que vemos, são ilusórios. As roupas são feitas, maioritariamente, para pessoas cujo corpo se “encaixa” no padrão. Existe um estigma associado ao tipo de beleza da pessoa, um estereótipo em relação àquilo que devemos demonstrar aos outros.
Quanto a isso de termos pessoas que parecem mais velhas, há uma explicação simples, e não, não se prende com o facto de terem nascido no século passado. A GENÉTICA é explicativa dessas aparentes discrepâncias entre a nossa real idade, e aquele que os outros nos atribuem. Se for um jovem e não tiver barba, dão-me 17 anos. Se tiver, passo “logo” para os 21 (por exemplo).
Muitos jovens da minha idade parecem mais velhos do que são realmente, por serem mais altos, e terem muita barba (ilustração, exemplo). Portanto, não são só as pessoas do passado que parecem realmente velhas. Hoje em dia, isso também se verifica.
O que me espanta é não ser feita referência, nesta notícia, à deterioração dos hábitos alimentares mundiais. Isso também irá ter um peso na aparência da pessoa, na sua saúde. Parem com os estigmas, sejam vocês próprios, e evitem fingir!
Agora um palestrante e youtuber é alguém para ser considerado e levado a sério? Que aconteceu aos investigadores e cientistas, foram ultrapassados pelas novas profissões dos até aqui desocupados?
Eu decidi ver o vídeo antes de comentar, e o que o Youtuber faz é precisamente falar sobre os resultados de estudos levados a cabo por investigadores e cientistas.
O vídeo é realmente muito interessante e responde a questões que eu próprio já tinha colocado na minha mente. Recomendo ver.