/

Pirataria no alto mar: a culpa é do dióxido de carbono

Jason R. Zalasky / USN

Piratas da Somália.

Parece haver uma ligação entre o peixe, o clima e o crime. A teoria é sustentada por um estudo que diz que a pirataria marítima aumenta ou diminui consoante a quantidade de peixe que houver no mar.

Nos últimos anos, o aquecimento das águas do mar fez diminuir a quantidade de peixe no leste de África e aumentá-la no Mar da China Meridional.

Com a instabilidade económica provocada pela falta de pesca, os pescadores africanos veem-se “obrigados” a participar em esquemas de pirataria marítima – e a culpa é das alterações climáticas, já que a profissão depende diretamente do meio ambiente.

Um estudo publicado na revista da American Meteorological Society, Weather, Climate, and Society (WCAS) analisou as regiões do leste África e do Mar da China Meridional, nas últimas duas décadas.

Gary LaFree, professor de criminologia da Universidade de Maryland e um dos autores do artigo, explicou ao The Guardian a intenção do método utilizado: “fizemos uma análise multivariada, para ver se a teoria subjacente era estatisticamente significativa. E é”.

O estudo descobriu que, na África Oriental, a temperatura mais alta da superfície do mar está associada ao declínio da produção de peixe.

Pelo contrário, no Mar da China Meridional, as temperaturas mais altas estão associadas ao aumento de produção piscatória.

O estudo analisou mais de 2000 ataques nas duas regiões, nos últimos 20 anos: na primeira, onde há cada vez menos peixe, a pirataria está a aumentar; na segunda, a pesca tem aumentado e, consequentemente, a pirataria diminuído.

“Em 20 anos, estamos a aperceber-nos de diferenças estatisticamente significativas e mensuráveis. Fiquei surpreso com a rapidez com que essas mudanças estão a ocorrer, especialmente quando pensamos na provável aceleração das mudanças climáticas no futuro”, disse Gary LaFree.

O professor refere que há, no entanto, lamentáveis casos de pescadores que entram para o mundo da pirataria, independentemente da situação piscatória estar má ou não.

Bo Jiang, professor assistente na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau e autor principal do estudo, também abordou essa questão.

Em declarações ao The Guardian confessou saber que em Singapura, onde cresceu, há muitos pescadores que são conhecidos como “piratas de prontidão”.

Miguel Esteves, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.