O período mais mortífero da História foi também o mais mal cheiroso

Pequenos micróbios que expelem gás tóxico ajudaram a causar a maior extinção em massa da História do nosso planeta.

Os cientistas acreditam que os Trapps siberianos – ou “socalcos siberianos”, que formam uma grande região de rocha vulcânica, conhecida como Grande Região Ígnea, na Sibéria – impulsionaram o grande evento de extinção em massa há cerca de 250 milhões de anos, no final do período Permiano.

Os gases com efeito de estufa cuspidos pelos vulcões provocaram um aquecimento extremo que levou à extinção de 80% de todas as espécies marinhas, assim como de muitas espécies terrestres.

Até agora, a comunidade científica não conseguiu explicar exatamente como é que o calor causou essas mortes.

Recentemente, um novo estudo, conduzido pela Universidade da Califórnia, mostrou que o calor acelerou o metabolismo dos micróbios.

Segundo o Science Daily, à medida que os fotossinterizadores do oceano – os micróbios e plantas que formam a base da cadeia alimentar— apodreciam, outros microorganismos consumiam rapidamente o oxigénio, deixando muito pouco para os organismos maiores.

Na ausência de oxigénio, os micróbios consumiam sulfato e expeliam o tóxico e fedorento sulfureto de hidrogénio (H2S), criando assim uma condição muito extrema de sobrevivência chamada euxínia – quando a água é anóxica e sulfídica.

“Depois do oxigénio no oceano ter sido utilizado para decompor a matéria orgânica, os micróbios começaram a ‘respirar’ sulfato e a produzir sulfureto de hidrogénio, um gás que cheira a ovos podres e é venenoso para os animais”, explicou o investigador Dominik Hülse, autor do artigo científico publicado em outubro na Nature Geoscience.

Estas condições eram sustentadas pela libertação de nutrientes durante a decomposição, promovendo a produção de mais matéria orgânica que ajudava a manter este ciclo tóxico e mal cheiroso.

O esgotamento do oxigénio é um problema que persiste até hoje e que, inclusivamente, se vai agravar com as alterações climáticas. Estas lições são muito importantes para melhor compreender os processos que estão a desafiar a saúde dos nossos oceanos e cursos de água.

ZAP //

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