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Pedra fálica com 5500 anos descoberta no Algarve

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Elisabete Rodrigues / Sul Informação

Enquanto procurava fósseis em 2021, na zona dos Machados, em São Brás de Alportel, no Algarve, um residente deparou-se com uma estrutura que resultaria na primeira escavação arqueológica do concelho.

Um menir, que remete ao período Neolítico, foi descoberto no local. O objeto fálico, antes ereto, encontra-se caído no topo do Monte do Trigo, avança o Sul Informação.

“Um menir é um monumento trabalhado, em pedra, colocado na vertical, polido e desbastado frequentemente para assumir uma forma fálica”, explicou o professor, arqueólogo e responsável pelos trabalhos, António Faustino Carvalho.

“São dos primeiros monumentos em pedra da história da humanidade e na Europa e os primeiros que tinham uma função cultural. Ninguém vivia, ou dormia, ou tinha o seu quotidiano à volta destas peças, mas eram locais de reunião, de festividades e de cultos, que desconhecemos em grande medida”, reforçou.

A sua forma fálica seria um símbolo da fertilidade em geral, desde a dos animais e pessoas à do solo. Dependentes das estações do ano para registos de boas colheitas, os antigos agricultores “pediam” a fertilidade aos deuses. Serão dos primeiros monumentos em pedra de que há registo na história da Humanidade.

“Daí a prática das cerimónias de culto e a localização dos menires, em cimo dos montes, porque estamos mais próximos do céu”, explica Faustino Carvalho.

No mesmo local haverá ainda mais três ou até quatro exemplares do artefacto, mas em muito mau estado de conservação, verificou a equipa após uma semana de escavações no local. Os objetos poderão ter sido partidos propositadamente, de forma a “fazer paredes de divisão de propriedades ou outro tipo de estruturas rurais”. No caso do menir agora detetado, este manteve-se quase intacto graças ao revestimento poeirento, que o terá protegido de interação humana.

“Menires isolados é raro, costumam surgir alinhados em intervalos regulares, uma vez que são marcadores fundamentais de território. Ou seja, assinalavam locais de trânsito, passagem de gado ou ligações entre dois territórios de comunidades diferentes”, afirmou o responsável.

“Este tipo de menir, pela sua forma, pela matéria de que é feito, o calcário, pelas suas dimensões, pela sua morfologia geral, é exatamente igual às dezenas de menires que conhecemos no Barlavento, no extremo ocidental do Algarve”, explicou Faustino de Carvalho.

Os trabalhos de escavação já terminaram, resta agora decidir sobre o destino a dar à descoberta.

A partir da descoberta do menir, o município algarvio estabeleceu um protocolo com a Universidade do Algarve e a Direção Regional da Cultura do Algarve para fazer a prospeção do local.

De acordo com a Câmara de São Brás de Alportel, os resultados preliminares desta intervenção e do respetivo projeto serão apresentados durante as Jornadas Europeias do Património, no final de Setembro.

ZAP //

4 Comments

  1. “No mesmo local haverão ainda mais três ou até quatro exemplares do artefacto […]”

    Haverão?! Que português é este?
    Haverá!!

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