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Pé amputado foi a cirurgia mais antiga da história — há mais de 30 mil anos

Nature

Caverna onde foi encontrado o pé amputado, na Indonésia.

Há mais de 30 mil anos, uma criança na Indonésia foi operada para amputar o pé. Já existia “conhecimento detalhado da anatomia dos membros”.

A cirurgia mais antiga de sempre, até agora, presumia-se que tivesse sido descoberta em França, e acontecido há sete mil anos. Mas uma nova investigação contesta isso.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Griffith, na Austrália, encontrou evidências de que, afinal, há uma cirurgia mais antiga. Aconteceu há 31 mil anos e terá sido feita a uma criança, na ilha do Bornéu, na Indonésia, avança o Observador.

Os resultados da investigação, publicados a 7 de setembro na revista Nature, mostram que foram encontrados ossos de um pé amputado.

Os investigadores puderam assim concluir que, há mais de 30 mil anos, já existiam conhecimentos médicos suficientes para este tipo de intervenção cirúrgica.

De acordo com a equipa de investigação, quem realizou a cirurgia já tinha “conhecimento detalhado da anatomia dos membros e dos sistemas muscular e vascular para evitar a perda fatal de sangue e infeção”.

“Provavelmente, perceberam a importância de remover o membro para sobreviver”, acrescentaram os investigadores e autores do estudo.

Os restos foram encontrados na região tropical de Sangkulirang–Mangkalihat, uma zona montanhosa, dentro de uma caverna, com um tamanho semelhante ao de uma catedral, segundo a equipa de investigação.

Quem efetuou a cirurgia há 31 mil anos teve ainda em atenção os cuidados necessários num pós-operatório. Existem vestígios de uma infeção, mas esta pode não ter ocorrido depois da amputação.

 

Análise dos fragmentos encontrados na caverna

 

Ainda assim, a ferida “terá sido limpa regularmente e desinfetada, talvez usando recursos botânicos disponíveis no local com propriedades medicinais para prevenir infeções e aliviar a dor”, sublinham os investigadores.

A descoberta mostra o “nível avançado de experiência médica desenvolvida”, com conhecimentos de anatomia, de fisiologia e de procedimentos cirúrgicos.

No estudo publicado é ainda destacada a hipótese de que este tipo de intervenções possa ter sido desenvolvido através de tentativa e erro.

Alice Carqueja, ZAP //

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