Partir nozes não é tarefa fácil. Os chimpanzés precisam de um bom professor

Kathelijne Koops / UZH

Usar ferramentas para partir nozes não é um comportamento inato dos chimpanzés. Estes primatas aprendem com uns com os outros, revela um novo estudo.

O quebra-nozes facilita muito a nossa vida na hora de tentar retirar o miolo deste fruto seco. Aplica-se o mesmo para os chimpanzés, que têm de recorrer a ferramentas improvisadas para o fazer. Ainda assim, uma pedra não chega — os chimpanzés precisam também de um bom professor.

Os resultados de um novo estudo, publicados na revista Nature Human Behavior, apoiam a ideia de que o comportamento complexo de partir nozes é aprendido com os seus congéneres.

Os investigadores procuraram perceber o que é necessário para um chimpanzé aprender o comportamento de usar uma pedra como ferramenta para quebrar nozes.

A teoria era que, se fossem dadas as ferramentas e iguarias certas, o comportamento inato de usar pedras como ferramentas para partir os alimentos viria ao de cima, escreve a IFLScience.

Na hora da verdade, nada aconteceu. Como tal, os cientistas deram mais de um ano a um total de 35 chimpanzés para se familiarizarem com os objetos.

Apenas uma chimpanzé fêmea foi vista a comer o fruto da palmeira, e ninguém chegou a tentar quebrar ou comer o óleo de palma ou as nozes africanas.

Assim, os investigadores concluíram que, pelo menos para os chimpanzés estudados em Seringbara, na Guiné, o uso de ferramentas para partir nozes exige aprendizagem social, não apenas as condições ecológicas corretas.

“As nossas descobertas sugerem que os chimpanzés adquirem comportamentos culturais mais parecidos com os humanos e não simplesmente inventam um comportamento complexo de uso de ferramentas como quebrar nozes por conta própria”, disse a autora principal do estudo, Kathelijne Koops, num comunicado divulgado pela EurekAlert.

“As descobertas sobre chimpanzés selvagens, os nossos parentes vivos mais próximos, ajudam a esclarecer o que é (e o que não é!) que torna a cultura humana única. Especificamente, sugerem maior continuidade entre o chimpanzé e a evolução cultural humana do que normalmente se supõe e que a capacidade humana para a cultura cumulativa pode ter uma origem evolutiva compartilhada com os chimpanzés”, acrescenta a autora do estudo.

Daniel Costa, ZAP //

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