Partícula do Mar Mediterrâneo pode dar razão a Stephen Hawking sobre o Big Bang

Famoso astrofísico sugeriu que a explosão que deu origem ao Universo inundou-o de pequenos buracos negros. Vimos um deles “explodir”?

Nos anos 70, o famoso astrofísico Stephen Hawking propôs que o Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo, inundou este último de pequenos buracos negros, e disse que estes não são totalmente negros: podem emitir radiação, radiação essa que viria a ser conhecida como radiação Hawking.

Hawking sugeriu que esta radiação faz com que, ao longo do tempo, os buracos negros percam massa e acabem por se evaporar, levando a uma explosão de partículas de alta energia.

Agora, uma partícula descoberta nas profundezas do mar, um tipo de neutrino energético consistente com este processo, pode dar-lhe razão.

Em fevereiro, a colaboração europeia KM3NeT, que opera submarinos ao largo das costas de França, Itália e Grécia, detetou um neutrino altamente poderoso com um nível de energia de cerca de 100 PeV (Petaeletrão-volts, a medida de uma quantidade de energia cinética). O neutrino detetado pelo KM3NeT é 25 vezes mais energético do que as partículas geradas no Grande Colisor de Hadrões, o mais poderoso destruidor de átomos do mundo.

Mas só agora é que uma equipa de investigadores não envolvidos na deteção do neutrino é que avançaram a primeira teoria: sugerem que o neutrino pode ser a assinatura de um pequeno buraco negro em evaporação, um conceito que o poderia ligar aos buracos negros primordiais que se crê terem sido formados durante o Big Bang, de acordo com o estudo publicado no arXiv, ainda por rever por pares.

Os buracos negros primordiais são buracos negros hipotéticos que podem ter emergido das condições extremas do Universo primitivo. Estes buracos negros, potencialmente muito mais pequenos do que os maciços tipicamente observados, poderiam ser responsáveis pela matéria negra — a substância invisível que constitui a maior parte da massa do Universo.

O buraco negro de 10 toneladas — o peso necessário, segundo o Live Science, para explicar o neutrino detetado — seria incrivelmente pequeno e de vida curta, por isso pode ter tido origem no Big Bang e sobrevivido milhares de milhões de anos antes da sua eventual explosão.

Serão estes minúsculos buracos negros mais comuns do que se pensava? Se os buracos negros primordiais são de facto responsáveis pela matéria negra, as suas explosões deveriam ser detetadas com regularidade.

Se outro neutrino deste tipo for detetado pelo KM3NeT, poderemos estar perante uma descoberta fundamental para a compreensão do Universo primitivo, para a matéria negra e para os neutrinos de alta energia.

ZAP //

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