Massacre de Parkland. Polícia que não entrou na escola acusado de 11 crimes

Cristobal Herrera / Lusa

Estudantes do liceu de Pine Trails Park, Parkland, Florida, visitam memorial de homenagem aos colegas mortos no tiroteio

O polícia que estava destacado para proteger o liceu Marjory Stoneman Douglas, onde 17 pessoas morreram num tiroteio em 2018, foi detido e está a ser acusado de 11 crimes.

Em fevereiro de 2018, Nikolas Cruz entrou no liceu Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, Florida, com uma espingarda automática e matou 17 pessoas – 14 estudantes e três professores – e feriu outras 17.

Mas, de acordo com o New York Times, o jovem de 19 anos não vai ser o único a assumir responsabilidades pelas mortes deste tiroteio. Scot Peterson, o polícia que estava destacado a proteger a escola secundária, foi agora formalmente acusado de 11 crimes.

O agente de 56 anos, que foi suspenso imediatamente após o massacre e que mais tarde se demitiu do cargo, está, entre outros crimes, a ser acusado de negligência e perjúrio. E tudo por causa da forma como agiu durante o tiroteio.

Depois de uma investigação que durou mais de um ano, as autoridades apuraram que Peterson “não fez rigorosamente nada para travar o tiroteio”. “Não há qualquer desculpa que justifique a sua inação e não há dúvidas de que esta atitude custou vidas”, pode ler-se no comunicado citado pelo jornal.

O departamento que investigou o caso concluiu que Peterson não procurou investigar de onde vinham os disparos, afastou-se do local enquanto as vítimas eram atacadas e ordenou a todos os outros agentes que se mantivessem a 500 metros do edifício.

Na terça-feira, Peterson foi detido e está agora preso na cadeia de Broward County Jail, com uma fiança de 102 mil dólares.

Em declarações ao jornal norte-americano, especialistas na área afirmam que se está a entrar em “novo terreno” com esta acusação, uma vez que, neste tipo de casos, é normal as famílias das vítimas ou mesmo os sobreviventes porem as instituições em tribunal, tanto públicas como privadas, por não conseguirem manter os cidadãos em segurança, mas nunca um único agente das forças de segurança por alegadamente ter sido negligente.

Do outro lado, os familiares das vítimas apontam o dedo ao agente. “Ele podia ter salvo algumas daquelas 17 pessoas. Podia ter salvado a minha filha. Não o fez e ainda mentiu, por isso merece toda o mal que aí vem”, escreveu no Twitter Fred Guttenberg, pai de uma estudante que morreu no tiroteio.

Depois do tiroteio, a polémica sobre o acesso às armas de fogo voltou a debate nos EUA. Em resposta, Donald Trump sugeriu que armar os professores poderia ser a solução para prevenir este tipo de massacres.

ZAP //

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