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A escolha do Papa num drama premiado este ano (e 5 filmes sobre o Papa Francisco)

ZAP//Diamond Films Brazil/Youtube//Catholic Church England and Wales/Flickr

Parece milagre. Em março, “Conclave” vencia um Óscar; um mês depois, torna-se um retrato atual.

Em março, “Conclave” levava para casa o Óscar de Melhor Argumento Adaptado, depois de ter sido nomeado para um total de oito estatuetas (entre elas a de Melhor Filme). Um mês depois de o thriller que retrata “tintim por tintim” o processo da escolha de um novo Sumo Pontífice após a morte do Papa ser premiado, o mundo vive o drama na vida real.

É o filme mais oportuno de sempre, e muitos estão a estranhar a coincidência.

“O filme acabou por ser extremamente oportuno”, confessou John Lithgow, que interpreta o cardeal Joseph Tremblay, citado pelo Deadline. “Filmámos este filme há um ano, em janeiro, e as coisas mudaram profundamente em todo o mundo”.

Francisco e “Conclave”

Com Ralph Fiennes e Stanley Tucci como protagonistas, o filme explora o velho e secreto ritual do Vaticano de seleção de um novo Sumo Pontífice — o que se percebe logo pelo título, “Conclave” (do latim ‘cum clavis’ ou fechado à chave), a reunião secreta onde no próximo mês 135 cardeais vão votar para eleger um novo líder para a Igreja Católica.

O thriller de Edward Berger, baseado no romance de Robert Harris, pinta um quadro dramático de cardeais de alto nível, cada um com segredos no bolso, a competir pelo poder católico supremo.

“Encarregado de dirigir o processo, o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) tem os líderes da Igreja Católica reunidos e encerrados entre as paredes do Vaticano. Subitamente, vê-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo que pode abalar os alicerces da Igreja”, lê-se na sinopse. E as semelhanças com Francisco são inegáveis.

O filme mostra-nos um arcebispo progressista que defende as comunidades mais marginalizadas, tal como Francisco, o primeiro papa latino-americano, que ficará para a história como o Papa que mais procurou suscitar o debate da defesa dos pobres, dos imigrantes e do ambiente.

Na altura ideal, o filme não está disponível em nenhum serviço de streaming, mas devido a um acordo de licenciamento previamente estabelecido entre a Universal e a Amazon, está agora a transitar para o Amazon Prime Video — embora ainda não esteja disponível para aluguer em Portugal.

No entanto, se ainda for a tempo (e se tiver acesso ao canal), o filme foi transmitido na TVCine Top na sexta-feira, 18 de abril, pelas 21h30.

Entretanto, o “verdadeiro” conclave começará no próximo mês, nunca antes de 15 dias e não depois de 20 da morte do adorado Papa Francisco. Para que seja eleito o novo Papa é necessária uma maioria de dois terços. Pode ser que venha a ser português:

Francisco como “estrela” do grande ecrã

Papa Francisco: Um Homem de Palavra (2018)

Estreado em Cannes pelo famoso realizador Wim Wenders (de Dias Perfeitos ou Paris, Texas), o filme traz para o ecrã as palavras de Francisco, que nos olha diretamente para falar sobre a sua missão.

O filme transmite simplicidade e plenitude, tal como o Sumo Pontífice argentino se apresentava e imaginava o mundo.

Os Dois Papas (2019)

Com Anthony Hopkins no papel do Papa Bento XVI e Jonathan Pryce (quem mais podia ser, uma vez que os dois são indiscutivelmente parecidos) no do então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, que seria, mais tarde, Papa Francisco, The Two Popes exibe um diálogo fictício para aprofundar as verdadeiras divisões ideológicas no seio da Igreja Católica.

Quem ganha no debate entre a tradição e a reforma, entre o conservadorismo e o progressismo?

Está disponível na Netflix.

Francesco (2021)

Se o objetivo for fugir da ficção e ver o próprio Francisco em ação, o projeto dirigido por Evgeny Afineevsky mostra o compromisso do falecido Papa com a justiça social, especialmente em relação aos refugiados, ao meio ambiente e às vítimas de abuso sexual dentro da Igreja (o filme até inclui as reações de Francisco às alegações de abusos sexuais no seio do Vaticano).

A Carta: Uma Mensagem para a Nossa Terra (2022)

Centrado na encíclica Laudato Si do Papa Francisco de 2015, um apelo apaixonado à responsabilidade ambiental, o filme de Nicolas Brown dá voz a ativistas ambientais da Amazónia, Senegal, Índia e Havai que se reúnem para um encontro com o Papa.

In Viaggio: As Viagens do Papa Francisco (2023)

Num cruzamento de imagens de arquivo de viagens papais e material de trabalhos anteriores de Gianfranco Rosi sobre deslocados, o documentário do italo-americano segue Francisco ao longo dos primeiros nove anos do seu papado: 37 viagens a 53 países.

Procura mostrar Francisco como um pontífice em constante movimento — tanto física, pelo mundo e além fronteiras, como ideologicamente.

Tomás Guimarães, ZAP //

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