Os vírus pré-pandemia voltaram e as urgências pediátricas não estão preparadas para a “avalanche”

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Patricia de Melo Moreira / AFP

Tendência é visível nas urgências dos hospitais de Porto e Lisboa, onde os atendimentos superam os valores pré-pandémicos.

É um calendário que poucos especialistas antecipavam: ao contrário dos últimos anos, a epidemia da gripe não surgiu logo nas primeiras semanas do ano, criando o habitual cenário de congestionamento das urgências. Talvez como consequência das medidas de prevenção de contágios que se seguiram ao Natal, o pico foi retardado, surgindo agora, no final de março, juntamente com a covid-19, outros vírus respiratórios e alergias.

Esta mistura tem deixado os serviços de urgência, tanto pediátricos como para adultos, à beira da rutura, com alguns, avança o jornal Público, a baterem recordes do período pré-pandémico. O resultado é claro: equipas hospitalares exaustas e tempos de espera exasperam pais e crianças.

Segundo a mesma fonte, as urgências do hospital D. Estefânia (Lisboa) e S.João (Porto) são representativas desta tendência, já que recebem, em média, mais cerca de 100 crianças por dia do que recebiam na mesma altura antes da pandemia. O jornal cita dados do D.Estefânia que avança ter atendido na última segunda-feira 384 crianças, apesar de já ter chegado às quatro centenas num dos dias da semana anterior. Trata-se, numa média mensal, de 290 atendimentos por dia, quando antes da pandemia costumavam ser 204.

No Porto, a tendência é semelhante: “em números redondos, de uma média de 250 episódios na fase de Inverno antes da pandemia passou-se para 350 este mês”, relatou Ruben Rocha, diretor do serviço, que aponta ainda vários motivos para o cenário que se vive atualmente.

“O incremento é brutal e deve-se a uma constelação [de motivos]. Estamos numa fase de transição de vários vírus respiratórios que se conjugam no mesmo ponto temporal, fazendo com que a taxa de infecções respiratórias aumente de uma forma acentuada. Mas esta afluência também é fruto da cultura de elevado recurso às urgências.”

O problema parece ainda mais grave se se considerar que alguns destes números relativos às urgências pediátrias são semelhantes aos dos serviços destinados aos adultos, onde o número de clínicos é muito mais elevado. Considerando estes fatores, Gonçalo Cordeiro Ferreira, diretor da área pediátrica da urgência do D.Estefânia, afirma que “não há argumentos, não há planificação possível. É aguentar a pé firme. E as pessoas têm que esperar horas”.

Os pediatras apontam que no momento atual se assiste a uma confluência da epidemia de gripe fora de época, de vírus como o rinovírus, o enterovírus, a gripe A, mas também outras infeções respiratórias, assim como as gastroenterites. Este cenário foi também agravado pelos problemas causados pelas poeiras do Saara, sobretudo no que respeita à asma e às alergias.

Como tal, os clínicos deixam alguns conselhos aos país, no sentido de evitarem as urgências sempre que não existam “falta de ar ou vómitos persistentes“. A consulta do folheto disponível no site da Sociedade Portuguesa de Pediatria onde são elencados os sintomas que justificam o recurso às urgências é um dos pontos sugeridos, assim como a procura por cuidados de saúde nas unidades familiares.

ZAP //

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5 Comments

  1. Viva a maioria! Felizmente vamos manter a extremamente competente ministra da saúde, que fez com que o SNS durante dois anos ficasse reduzido à COVID.

    • Foram os gajos que estiveram na realidade por trás do arremesso dos aviões contra as torres gémeas. Os mesmos que agora fomentaram a guerra na Ucrânia e que continuam a esconder os ET’s, muito embora se encham de dinheiro à custa destes. Os mesmos que atualmente provocam a seca em Portugal e a calvície a nível global. São esses.

  2. Esta afluência também é fruto da cultura de elevado recurso às urgências, no entanto, não deve ser esquecido que a esmagadora maioria dos utentes usa-o por não possuir a alternativa que deve existir
    no acesso aos Centros de Saúde, ou seja, CSP-Cuidados de Saúde Primários. Já vem de longe o sub-
    financiamento crónico do SNS, a falta de profissionais e os existentes mal pagos com cargas horárias
    insuportáveis. O SNS precisa de regressar aos parâmetros que deram origem à sua criação: qualidade,
    universal, geral e gratuito, com financiamento adequado e gestão criteriosa dos meios. Em vez da preocupação de aumentar o orçamento militar a mando externo, seria de bom senso olhar para o bem
    estar da população, onde a Saúde deve ocupar a linha da frente.

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