Um passo (falso) para a frente, dois para trás. Dias depois de afirmar que o seu governo está a tomar medidas para melhorar as vidas das mulheres afegãs, o líder supremo do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, acaba de banir os salões femininos.
Os talibãs voltam a violar os direitos das mulheres afegãs, desta vez, ao banir salões de beleza no país, confirmou, esta terça-feira, um porta-voz do governo, sem avançar mais detalhes sobre a carta que circulava nas redes sociais.
A dita carta foi emitida a 24 de junho e expõe o cumprimento de uma ordem verbal de Hibatullah Akhundzada, líder supermo dos talibãs. Segundo a NPR, a proibição atinge diretamente a capital Kabul e todas as províncias, dando um mês aos salões para fecharem as portas às mulheres afegãs. O documento não apresenta quaisquer justificações para a proibição.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já disse esta terça-feira que está a trabalhar junto das autoridades afegãs para reverter a polémica decisão.
UNAMA calls on the de facto authorities to halt the edict closing beauty salons. This new restriction on women’s rights will impact negatively on the economy&contradicts stated support for women entrepreneurship. UNAMA remains engaged w/stakeholders seeking reversal of the bans.
— UNAMA News (@UNAMAnews) July 4, 2023
“Essa nova restrição aos direitos das mulheres terá um impacto negativo na economia e contradiz o apoio declarado ao empreendedorismo feminino”, afirmou, no Twitter, a UNAMA, missão da ONU no Afeganistão.
Cada vez menos direitos para as mulheres afegãs
Aquando do regresso ao poder, em agosto de 2021, os radicais prometiam que as mulheres seriam autorizadas a trabalhar e a estudar. “São muito ativas na nossa sociedade”, afirmou na altura Zabihullah Mujahid, porta-voz dos talibãs, referindo-se especialmente aos setores da educação e da saúde.
“Estamos comprometidos com os direitos das mulheres, no quadro da Sharia [lei islâmica]. As mulheres afegãs são muçulmanas”, afirmou. “Vamos permitir que as mulheres estudem e trabalhem dentro dos enquadramentos” definidos pelo futuro Governo.
Mas pouco ou nada foi cumprido. Desde então, já retiraram às mulheres do país vários direitos, desde o direito à educação ao direito ao emprego.
Todas as mulheres estão proibidas de frequentar a universidade no Afeganistão. Todas as mulheres estão proibidas de viajar sem a companhia dos homens, de praticar desportos que exponham rosto e corpo e são ainda obrigadas a usar burca em público.
Mais recentemente, proibiram a utilização de contracetivos.