Os talibãs estão a proibir salões de beleza femininos no Afeganistão

Sgt. Ken Scar (U.S. Armed Forces) / wikimedia

Meninas numa escola no Afeganistão

Um passo (falso) para a frente, dois para trás. Dias depois de afirmar que o seu governo está a tomar medidas para melhorar as vidas das mulheres afegãs, o líder supremo do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, acaba de banir os salões femininos.

Os talibãs voltam a violar os direitos das mulheres afegãs, desta vez, ao banir salões de beleza no país, confirmou, esta terça-feira, um porta-voz do governo, sem avançar mais detalhes sobre a carta que circulava nas redes sociais.

A dita carta foi emitida a 24 de junho e expõe o cumprimento de uma ordem verbal de Hibatullah Akhundzada, líder supermo dos talibãs. Segundo a NPR,  a proibição atinge diretamente a capital Kabul e todas as províncias, dando um mês aos salões para fecharem as portas às mulheres afegãs. O documento não apresenta quaisquer justificações para a proibição.

A Organização das Nações Unidas (ONU) já disse esta terça-feira que está a trabalhar junto das autoridades afegãs para reverter a polémica decisão.

“Essa nova restrição aos direitos das mulheres terá um impacto negativo na economia e contradiz o apoio declarado ao empreendedorismo feminino”, afirmou, no Twitter, a UNAMA, missão da ONU no Afeganistão.

Cada vez menos direitos para as mulheres afegãs

Aquando do regresso ao poder, em agosto de 2021, os radicais prometiam que as mulheres seriam autorizadas a trabalhar e a estudar. “São muito ativas na nossa sociedade”, afirmou na altura Zabihullah Mujahid, porta-voz dos talibãs, referindo-se especialmente aos setores da educação e da saúde.

“Estamos comprometidos com os direitos das mulheres, no quadro da Sharia [lei islâmica]. As mulheres afegãs são muçulmanas”, afirmou. “Vamos permitir que as mulheres estudem e trabalhem dentro dos enquadramentos” definidos pelo futuro Governo.

Mas pouco ou nada foi cumprido. Desde então, já retiraram às mulheres do país vários direitos, desde o direito à educação ao direito ao emprego.

Todas as mulheres estão proibidas de frequentar a universidade no Afeganistão. Todas as mulheres estão proibidas de viajar sem a companhia dos homens, de praticar desportos que exponham rosto e corpo e são ainda obrigadas a usar burca em público.

Mais recentemente, proibiram a utilização de contracetivos.

Tomás Guimarães, ZAP //

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