Os rios do Alasca começaram a ficar cor de laranja

Ken Hill / National Park Service

Os rios do Alasca estão a passar de um azul cristalino para um laranja turvo. A coloração pode ser o resultado de minerais expostos pelo degelo de permafrost.

Num novo estudo, publicado esta segunda-feira na Communications Earth & Environment, uma equipa de investigadores recolheu amostras de alguns locais com águas contaminadas.

Estes rios e riachos degradados podem ter implicações significativas para a água potável e para a pesca nas bacias hidrográficas do Ártico, à medida que o clima muda.

“Quanto mais voávamos, mais notávamos rios e riachos cor de laranja”, afirma o ecologista e autor principal do estudo Jonathan O’Donnell, que sobrevoou a região de helicóptero.

O’Donnell reparou pela primeira vez que havia um problema quando, em 2018, visitou um rio que parecia enferrujado, apesar de ter estado limpo no ano anterior.

Começou a compilar locais, recolhendo amostras de água sempre que possível na região remota, onde os helicópteros são por norma a única forma de aceder aos rios e riachos.

“Os rios manchados são tão grandes que podemos vê-los do espaço”, diz a professora de toxicologia ambiental e líder do estudo Brett Poulin. “Têm de estar muito manchados para serem apanhados do espaço”, conclui.

Em comunicado, Poulin explica que a coloração da água era semelhante ao que acontece com a drenagem ácida de minas, mas que não existem minas perto de nenhum dos rios afetados.

 

Uma hipótese avançada pelos investigadores é que à medida que o clima aquece, os minérios metálicos até agora aprisionados no permafrost (camada congelada do subsolo da crosta terrestre) sejam libertados e expostos à água e ao oxigénio, resultando na produção de ácido e metais.

Os cientistas analisaram as amostras de que dispunham inicialmente e as que , recolheram posteriormente numa expedição em agosto passado. Este ano, farão três viagens durante o verão para recolher amostras adicionais.

Algumas destas amostras tem um pH de 2,3 em comparação com o pH médio de 8 para estes rios, o que significa que os minerais de sulfureto estão a degradar-se, resultando em condições altamente ácidas e corrosivas que libertam metais adicionais.

Os investigadores estão no segundo ano de uma pesquisa de três anos destinada a compreender o que está a acontecer na água, a estudar outras áreas que podem estar em risco e a avaliar as implicações para a água potável e para os cardumes de peixes.

A equipa espera com a sua pesquisa ajudar a combater este problema crescente — que está a afetar o habitat, a qualidade da água e outros sistemas ecológicos, transformando zonas saudáveis em habitats degradados, com menos peixes e invertebrados.

Soraia Ferreira, ZAP //

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