Os cães também mostram luto após a morte de um companheiro canino

Mudanças comportamentais e emocionais nos cães, após a morte de outro cão no mesmo agregado familiar, podem ser indicadoras de luto.

A perda de um ente querido pode ter um impacto profundo nos humanos, afetando toda a sua vida — desde os hábitos de sono ao apetite.

Agora, um novo estudo mostra que também os cães podem mostrar sinais de luto após a morte de um companheiro de casa.

O estudo, cujos resultados foram publicados em fevereiro na Scientific Reports, baseia-se num inquérito feito a 426 donos de cães italianos.

De acordo com o The Guardian, os comportamentos de luto não são exclusivo dos humanos, tendo sido anteriormente observados em outras espécies — entre as quais grandes primatas, golfinhos, aves e elefantes.

Mas não era claro até agora se os cães domésticos também sofriam com a morte de um companheiro.

No decorrer do estudo, a equipa de Federica Pirrone, investigadora da Universidade de Milão, questionou pessoas que tinham dois ou mais cães após a morte de um dos animais.

Das 426 pessoas abordadas no estudo, 66% tinha perdido um dos seus cães há mais de um ano. Os participantes no estudo foram questionados sobre qualquer mudança no comportamento do cão que perdeu o seu companheiro.

Além disso, os donos descreveram a relação que havia entre os seus cães e os seus próprios níveis de angústia, após o falecimento.

Quase 90% das pessoas notaram mudanças negativas no comportamento do seu cão, após a morte do seu outro cão. Segundo 32% dos inquiridos, estas mudanças duraram entre dois a seis meses, e 25% relataram que as mudanças duraram mais de seis meses.

Quando questionadas sobre as mudanças de comportamento do cão, 67% dos donos indicaram que a procura de atenção aumentou, 57% relataram que o seu cão brincava menos e 46% indicaram menos atividade.

Segundo os autores do estudo, 35% dos donos indicaram que o cão sobrevivente dormiu mais e ficou mais medroso, 32% reportaram menos apetite e 30% afirmam que o cão começou a ladrar mais.

Em 93% dos casos, os cães tinham vivido juntos durante mais de um ano, e 69% dos seus donos descreveram a relação entre os animais como amigável.

Os investigadores concluíram que o maior ou menor tempo de convivência dos dois cães não influencia o comportamento do sobrevivente.

O comportamento de luto é mais influenciado por ter havido uma relação amigável com o animal falecido, ter partilhado comida com ele, e principalmente pelo próprio comportamento do dono em luto.

Isto sugere que as mudanças de comportamento observadas nos cães sobreviventes podem ser uma resposta à reação do dono que perdeu um dos companheiros.

As respostas de luto entre os cães, realçam os investigadores, são uma questão importante e negligenciada, que tem impacto no bem-estar dos nossos animais de estimação.

Inês Costa Macedo, ZAP //

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