Nunca veremos o início do Universo (por causa da inflação)

Big Bang? Outro fenómeno anterior? Adão e Eva? Tentemos adivinhar porque…nunca saberemos.

E lá vem a pergunta tão frequente, recordada pelo portal Big Think: “Como é que tudo isto começou?”.

“Isto” significa o Universo, pois. Qual a origem do Universo?

A primeira resposta que deve surgir na maioria das bocas é: Big Bang. Foi esse o fenómeno que deu início ao espaço e ao tempo, que no fundo criou o Universo.

Há praticamente 100 anos, Edwin Hubble e Milton Humason começaram a medir estrelas individuais nas nebulosas, determinando as distâncias até elas. Fizeram cálculos, chegaram a medições e foram de encontro à teoria geral da relatividade de Einstein: o Universo estava a expandir-se. Quanto mais distante uma galáxia está, mais rapidamente parece que a galáxia se afasta de nós.

Ficaram as ideias de que o Universo está cada vez menos denso, mais frio e que as galáxias que não estão ligadas gravitacionalmente estão a afastar-se, com o passar do tempo.

Ou seja, e se olharmos para o passado em vez de olhar para o futuro, reparamos que há milhões e milhões de anos o Universo era menor, mais quente e mais denso.

O Big Bang tentou extrapolar isso o mais longe possível: para estados cada vez mais quentes, mais densos e uniformes, à medida que recuamos cada vez mais no tempo.

Quatro conclusões de diversos cientistas: as galáxias mais distantes devem ser menores, mais numerosas, com menos massa; redução de elementos pesados conforme olhamos para trás no tempo; a certa altura o Universo terá estado demasiado quente para formar átomos neutros; e a certa altura os núcleos atómicos ficam destruídos pela radiação ultra-energética

Bases que foram sendo confirmadas noutros estudos. Big Bang, foi isso.

Mas…

Mas essa teoria muito conhecida começou a originar questões inexplicáveis para muitos cientistas (e não só).

Zonas do Universo “desligadas”, afastadas, têm as mesmas temperaturas? Taxa de expansão inicial do Universo e quantidade total de energia no Universo perfeitamente equilibradas desde o início? E os “restos” das relíquias dessa época, onde estão?

Alan Guth mudou a história em 1979, com a inflação cósmica: no seu momento inicial, o Universo passou por uma fase de crescimento exponencial. A inflação (a cósmica) foi produzida por uma densidade de energia do vácuo negativa ou por uma espécie de força gravitacional repulsiva.

Dados de satélites, aliados à explicação de Guth, levam a crer que o Big Bang não foi o início de tudo – foi o início do Universo como o conhecemos. Antes do Big Bang quente, havia a inflação cósmica (que acabaria por dar origem ao Big Bang quente).

Mas, mesmo com a inflação, ficou pouco (não nos bolsos) mas nas observações. Só conseguimos observar as marcas nos derradeiros ~10^-32 segundos. Aproximadamente. Minúsculas de fracções se segundo.

Além disso, o inflacionário foi eterno ou transitório? O Universo surgiu num fenómeno isolado ou como parte de um ciclo? Ou sempre existiu.

Não sabemos.

Não sabemos nem vamos saber. Até porque a própria inflação, devido à sua própria natureza,  apagou tudo o que existia no Universo pré-inflacionário.

Foi um reset.

Ou seja, fica o vazio sobre o que existiu antes da inflação cósmica. Quando a inflação terminar, apenas um pequeno volume desse espaço – algo entre o tamanho de um ser humano e um conjunto de casaa – vai permitir observar o nosso Universo.

De resto, nada. São conclusões que não estão ao nosso alcance. Não conseguimos observar mais do que já conseguimos até agora.

Portanto, fica a pergunta eterna: como surgiu o Universo?

ZAP //

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