Futuros tratamentos do cancro podem ser desenvolvidos com base em glicoalcalóides encontrados em plantas do género Solanum.
De acordo com um novo estudo, publicado a semana passada na revista Frontiers in Pharmacology, novos tratamentos do cancro podem ser desenvolvidos com base em glicoalcalóides encontrados em plantas do género Solanum.
Há décadas que os cientistas procuram tratamentos cada vez mais inovadores para o cancro.
Atualmente, a maioria das soluções terapêuticas causam danos não apenas ao tecido canceroso, mas também às células saudáveis, provocando efeitos adversos muito sérios nos pacientes.
O novo estudo, realizado por investigadores da Universidade Adam Mickiewicz, na Polónia, abre agora novas possibilidades de tratamento — com menos efeitos colaterais — baseados no uso de glicoalcalóides, substâncias bioativas presentes em vegetais da família Solanaceae, como batatas e tomates.
Na procura de medicamentos que sejam letais para as células do cancro, mas inofensivos para os doentes, alguns cientistas têm olhado para o potencial das plantas medicinais utilizadas no passado para tratar diversas condições.
Nessa perspetiva, os autores do novo estudo analisaram 5 glicoalcalóides: solanina, chaconina, solasonina, solamargina e tomatina, presentes na extração das Solanaceae.
Além de plantas comestíveis, como batatas, tomates, pimentas e pimentões, a família inclui também alguns vegetais tóxicos que produzem alcaloides para se proteger de animais herbívoros.
No entanto, usando esses venenos na dose certa, podemos aproveitar esse potencial a nosso favor. Os glicoalcalóides, por exemplo, têm potencial de inibir o crescimento de células cancerosas — e potencialmente matá-las também.
É assim possível criar futuros tratamentos com base nestes compostos para controlar a doença e melhorar o prognóstico dos pacientes.
Alguns estudos in silico, que simularam processos naturais usando computadores, mostraram anteriormente que os glicoalcalóides não são tóxicos e não apresentam risco de danificar o nosso ADN ou causar tumores futuros — embora possam afetar o sistema reprodutivo.
Após testes in vitro e in vivo, os cientistas determinaram que as substâncias solanina e chaconina da batata, em especial, são seguras e promissoras para uso em humanos.
Os tubérculos, no entanto, precisam de condições de temperatura e luz ideais no cultivo para ter a quantidade correta de glicoalcalóides.
A solanina previne a metástase e tem o potencial de travar a conversão de compostos carcinogénicos em carcinógenos no corpo.
Pesquisas específicas em células de leucemia mostram que a solanina também consegue matar células cancerosas quando usada em doses terapêuticas.
A chaconina, por seu turno, pode tratar septicemias devido aos seus efeitos anti-inflamatórios, e a solamargina inibe a multiplicação de células de cancro de fígado e atinge as células estaminais cancerosas — que também são atacadas pela solasonina.
A tomatina, por seu turno, tem a capacidade de regular o ciclo das células, podendo matá-las — o que coloca o tomate em destaque no panorama das futuras técnicas de tratamento de células cancerosas.
ZAP // Eurekalert / CanalTech