O jornal holandês De Telegraaf publicou, este sábado, uma entrevista ao médio benfiquista Orkun Kökçü, que se confessou desiludido e frustrado com o clube. O turco afirma não estar a receber a devida importância, criticando o treinador Roger Schmidt, por lhe atribuir diversas tarefas diferentes em campo.
Orkun Kökçü – contratado pelo Benfica no verão passado, por um valor recorde de 25 milhões de euros – deu uma entrevista ao De Telegraaf, dos Países Baixo, onde expressou o seu descontentamento com a estrutura encarnada.
O médio turco de 23 anos acusou o Benfica de nunca o ter feito sentir importante, sentido-se, por isso, “desiludido e frustrado”.
Apesar da “escolha consciente” de vir para o clube da Luz, Kökçü admitiu que “não era o que esperava”.
“Houve muita coisa que aconteceu no mercado de transferências no verão passado, fiz uma escolha consciente pelo Benfica com a ideia de que este era o melhor passo na minha carreira para me desenvolver ainda mais em todas as áreas. Isso aconteceu apenas em parte”, disse.
O número 10 das águia não poupou nas críticas ao treinador Roger Schmidt, dando a entender que não era só na camisola que pretendia ser o número 10: Desde o início que nunca me fizeram sentir importante. Nem o treinador”.
“Não sou o tipo de pessoa que bate o punho na mesa ou faz exigências, mas talvez tenha sido modesto demais justamente pelo papel que ele me deu…”, considerou aquele que foi o melhor jogador do campeonato holandês na época passada, ao serviço do Feyenoord.
De acordo com o jogador, Roger Schmidt prometera-lhe que teria uma função semelhante à que tinha no antigo clube,”onde definia as linhas de passe e os rumos do campo e sempre quis jogar para a frente“.
Contudo, Kökçü diz estar “preso a todo o tipo de tarefas [defensivas]”. “E isso não é necessário se quiseres rentabilizar as minhas qualidades. Consigo encontrar soluções, penso à frente, sou conhecido pelo meu passe em progressão. Mesmo esta época, a estatística sublinha isso mesmo”, continuou o jogador.
O internacional turco soma, até à data, três golos de 10 assistências. No entanto, apenas jogou jogou “os 90 minutos” em sete ocasiões, o que se traduz em 26 jogos a ser substituído ou a começar no banco.
Kökçü confessou que sente “raiva” sempre que é substituído: “Isso deixa-me com raiva e dececionado (…) Ainda posso dar muito mais ao Benfica, talvez seja aí que reside uma parte da minha frustração”.
Schmidt quer falar com Kökçü, mas desvaloriza
Este sábado, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, frente ao Casa Pia (domingo), Roger Schmidt foi convidado a reagir às palavras proferidas pelo seu jogador.
O técnico alemão confessou que já tinha “ouvido falar da tal entrevista”, mas que queria falar “em primeira mão” com Kökçü.
“Ouvi falar dessa entrevista mas ainda não a li. Vou fazê-lo após esta conferência de imprensa e, se for necessário, irei falar com o jogador. Nestes momentos, é preciso ter a informação em primeira mão e isso, para mim, é o jogador. Por isso, vou falar com ele e depois tomarei as minhas decisões”, assumiu.
Apesar do contexto, Roger Schmidt aproveitou para deixar elogios ao médio, reconhecendo, no entanto, as dificuldades “normais” de uma época de adaptação – tal como considerou “normal” haver sempre jogadores descontentes.
“Tem feito uma boa época. Teve algumas dificuldades pelo meio, esteve lesionado. Também é normal que a primeira época não seja tão fácil como esperava, porque está num clube novo, numa nova realidade”, disse o alemão Schmidt.
O Benfica entra em campo amanhã, às 18h, frente ao Casa Pia, no Estádio Municipal de Rio Maior, em jogo a contar para a 26.ª jornada do campeonato português de futebol.
As águias (61 pontos) seguem em segundo lugar, atrás do líder Sporting (62 pontos, com menos um jogo).