“Não fazemos 3 passes seguidos”: o que se passa com a selecção (há muito tempo)?

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Philipp Guelland / EPA

Se Portugal tivesse vencido a Sérvia, estava “tudo bem”. Mas agora voltam as questões, que rodeiam – e atrapalham – Fernando Santos.

O hino nacional de Portugal a sair de uma cassete com fita encravada – ou parecia algo do género – já era um aviso: esta noite na Luz vai ficar encravada na memória de muitos adeptos portugueses de futebol.

Portugal era favorito contra a Sérvia, era favorito no próprio grupo e até bastava o empate. Mas perdeu por 1-2 e não conseguiu a qualificação para a fase final do Mundial 2022. Pelo menos, para já.

O golo madrugador de Renato Sanches, logo ao minuto e meio, poderia ser um sinal de uma noite tranquila. Não foi. O auxílio involuntário de Rui Patrício e a cabeça de Mitrović deram uma vitória aos sérvios. Vitória justa. Pode não ter sido justo não terem confirmado o golo de Cristiano Ronaldo no primeiro jogo com a Sérvia mas, neste domingo, o desfecho foi justo.

E assim foi a Sérvia a conseguir o primeiro lugar do Grupo A. E assim a Sérvia foi também a única selecção que não perdeu qualquer jogo neste grupo.

Esta foi a primeira vitória da Sérvia contra Portugal. Esta foi a primeira derrota de Portugal em casa, em qualquer qualificação, desde que Fernando Santos é o seleccionador nacional. E esta será a primeira vez que um play-off vai contar com uma selecção portuguesa liderada por Fernando Santos.

Estreias negativas, registos negativos, falhanço na qualificação directa para o Qatar. Porquê? O que se passa com a selecção portuguesa de futebol?

Como jogaram sem Cristiano?

Poderíamos (e vamos) começar esta análise com uma pergunta: lembras-te do último bom jogo, do último jogo agradável, de Portugal? Se calhar não. Ou, se sim, talvez seja preciso recuar até à Liga das Nações 2018/19. Sobretudo na fase de grupos.

O que aconteceu nessa fase de grupos do novo torneio? Foi isso: Cristiano Ronaldo não jogou. E Portugal jogou melhor e venceu o grupo na mesma. Um grupo que tinha a Polónia e a Itália, a futura campeã europeia.

Na altura, embora de forma tímida e sempre com as compreensíveis vénias, foram publicados artigos (poucos) de opinião que sugeriram a saída definitiva do capitão da selecção – que justificou a sua ausência temporária com a adaptação à Juventus e a Itália.

É quase ridículo pensar que deveríamos tirar da nossa equipa o maior goleador de sempre dessa equipa; e que, ainda agora nesta qualificação, foi o maior goleador português. E alguém que, em muitos jogos, marcou os golos de que a equipa precisava.

Mas, em termos do bom futebol, aquela amostra da Liga das Nações mostrou que Portugal sabia jogar (e melhor) sem o capitão e sabia ganhar sem o capitão – embora com dois empates (que novidade) no grupo.

Há muito tempo que fica a sensação de que os outros 10 jogadores, sobretudo os do ataque, se “encolhem” um pouco quando Cristiano está em campo. Preocupam-se mais em servir o madeirense e em cumprir tacticamente, do que em criar espetáculo. E eles sabem criar. Espectáculo, oportunidades e golos. Mas, com Cristiano em campo, esperam que o capitão resolva – e, quando ele resolve, “está tudo bem”.

Sistema funciona… com outros jogadores

Centremo-nos precisamente no verbo “encolher”, para analisarmos as prioridades de Fernando Santos para cada jogo.

O seleccionador nacional tem um problema sério: a lista de convocados é difícil de elaborar porque os futebolistas disponíveis são medianos, ou mesmo fracos. Temos jogadores que são titulares no Hearts, no Rapid Viena e, no máximo, na Real Sociedad.

Ai não? Ah, pois não. Esta pode ser a descrição de outra selecção, não da portuguesa.

Roma, Manchester City, Borussia Dortmund, PSG, Manchester United, Liverpool, Atlético de Madrid… Quase todos os titulares habituais da selecção portuguesa jogam em alguns dos maiores clubes do planeta. E são titulares lá. Não são daqueles casos de jogadores que só entram em campo uma dúzia de vezes por época.

E aí surge a pergunta, acertada, que foi feita pelo jornalista do portal zerozero depois da derrota com a Sérvia: como é que Portugal, com tanto talento, joga tão pouco futebol? Fernando Santos, atrapalhado, não soube responder.

A resposta não é unânime mas há uma ideia generalizada: são as prioridades de Fernando Santos que ditam jogos tão aborrecidos.

O seleccionador nacional tem como prioridade a segurança, o tal cumprir a nível táctico. E pode dar resultados. O Europeu 2016? Título conseguido após seis empates (nos 90 minutos) em sete jogos. Resultou.

Mas não há torneios iguais, não há jogos iguais e… não já jogadores iguais. No Europeu 2016 tínhamos Bruno Fernandes? Bernardo Silva? João Félix? E mesmo Diogo Jota? Não, nenhum deles. É diferente pedir a estes “mosqueteiros” do ataque que cumpram a nível defensivo como cumpria o trio formado por William, Adrien e João Mário, além de Nani (e até Éder, quando jogava). O famoso ADN deles não é correr atrás da bola.

Os esquemas de Fernando Santos não são ideais para esta geração da selecção portuguesa – que provavelmente é a melhor de sempre no nosso futebol.

Mas “está tudo bem” quando há resultados. Vencer no prolongamento, vencer nas grandes penalidades, esperar por golos de Cristiano aos 90 minutos… Vai dando. Até que deixa de dar.

Bernardo, Palhinha, passes

Depois há opções concretas que, como sempre, levantam dúvidas. Neste duelo com a Sérvia, por exemplo: Palhinha não foi titular porquê? Bernardo Silva continua a jogar “fora do seu sítio”? Se o jogo era para ganhar, porque Portugal teve em campo, ao mesmo tempo, Danilo, Palhinha e Rúben Neves? E porque terminou o jogo com menos posse de bola e com menos remates?

E, no geral, porque é que a selecção portuguesa não conseguiu fazer “três ou quatro passes seguidos”? Pegando em palavras do próprio seleccionador nacional.

Ficam as perguntas. Mas fica uma (quase) certeza: a tolerância da Federação Portuguesa de Futebol vai durar, no mínimo, até ao play-off. Depois de Março, veremos.

Nuno Teixeira, ZAP //

4 Comments

  1. Quando tu jogas com medos então os jogadores não expressarem o melhor que terem. Tu jogas à defesa então tu não estás na frente. Os jogadores estarem cansados de não trocaram bola.

  2. “…o que se passa com a selecção (há muito tempo)?” ??? Apenas e só…
    • FERNANDO SANTOS – o pseudo treinador dos tiques e expressão de que está sempre “à rasquinha p’ra cag@r”!
    • FERNANDO SANTOS – o pseudo treinador “campeão dos empates” que ainda não consegui interiorizar que “Quem joga para empatar arrisca-se a perder!!!”!
    • FERNANDO SANTOS – o pseudo treinador que – aprendendo com a Grécia – conseguiu ganhar o Europeu a cag@r e a tossir – 1 vitória nos 90 minutos (2-0 na 1/2), 1 no prolongamento (1-0 nos 1/8), 4 empates, antes da vitória final tirada a saca rolhas, sem qualquer merecimento!!!
    • FERNANDO SANTOS – o pseudo treinador – que foi o “Ingelheiro do Penta” – absolutamente por acaso – já que a sua “competência” não conseguiu “desfazer” as mecanizações entranhadas do FCPorto – nos dois anos seguintes conseguiu finalmente “impor” o seu “estilo” de jogo e…viu-se – ZERO campeonatos!!!
    Volte lá p’rá Grécia – onde o futebol é adequado a um “Ingelheiro” – por lá uma bola é pouco diferente de um tijolo da obras!

  3. O que se passa é terem um treinador nada ambicioso e pouco competente e jogadores também eles a maioria das vezes a tremerem de medo apesar da fama que gozam, pela minha parte desejo-lhes uma boa eliminação, pois não merecem melhor!

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