A ideia é criar o terceiro parque nacional da Escócia, em Dumfries e Galloway. Mas nem todos os locais estão entusiasmados.
A ideia de ter um parque nacional perto de casa seria motivo de alegria quase unânime para os moradores. Mas não é, neste caso.
O The Telegraph destaca o caso da Escócia. O anúncio do possível terceiro parque nacional, em Dumfries e Galloway, gerou tanto entusiasmo quanto apreensão entre os habitantes locais.
Muitos comemoraram a escolha da região em detrimento de outras candidaturas para acolher um novo parque nacional; no entanto, há preocupações com o aumento do turismo, a inflação dos preços imobiliários e os possíveis desafios burocráticos – e assim foi criada uma oposição significativa.
Foi aberto um período de consulta pública de 12 semanas sobre a proposta, com diversas reações que refletem debates antigos sobre o uso da terra e a conservação.
Experiências anteriores com o Parque Nacional de Loch Lomond e The Trossachs, (inaugurado em 2002) e o Parque Nacional de Cairngorms (2003) demonstram as questões complexas que acompanham a criação de novos parques nacionais.
Em Dumfries e Galloway, a resistência é particularmente forte entre agricultores, grandes proprietários de terras e reformados que procuram um estilo de vida mais tranquilo.
Alasdair Macnab, vice-presidente da National Farmers Union da Escócia, opôs-se publicamente ao parque, afirmando que 93% dos membros do sindicato partilham preocupações sobre o aumento do turismo e as complicações na gestão de terras.
Os críticos receiam que um parque nacional possa atrair um número excessivo de visitantes, replicando o turismo excessivo observado em locais como Edimburgo.
“Estamos preocupados com o turismo como se ouve falar em Veneza e em Edimburgo“, comentou um casal local.
Alguns residentes estão preocupados com o impacto que isso pode ter na tranquilidade da região.
Quem defende
Os apoiantes do novo parque argumentam que o número de visitantes em Dumfries e Galloway ainda é baixo em comparação com os principais destinos turísticos do norte da Escócia, e os promotores de turismo acreditam que o parque poderia oferecer um estímulo económico necessário.
David Hope-Jones, da South of Scotland Destination Alliance, enfatizou que o turismo já contribui com quase 600 milhões de euros por ano para a região e que um parque nacional poderia aumentar a visibilidade e as oportunidades para os negócios locais.
David reconheceu os receios de mudança, mas destacou que o parque proposto poderia ser ajustado para equilibrar os interesses das várias partes interessadas.
A paisagem de Dumfries e Galloway, rica em montanhas, florestas e vida selvagem, já possui o estatuto de Reserva da Biosfera da UNESCO, promovendo o desenvolvimento sustentável e protegendo o ambiente.
Defensores como John Thompson, presidente da Galloway and Southern Ayrshire Biosphere, acreditam que o parque poderia reforçar esse trabalho, trazendo investimento e mais controlo aos habitantes locais.
Outros moradores locais salientam a importância da participação da comunidade, vendo o parque como uma iniciativa partilhada para o bem público.
O governo da Escócia quer inaugurar o parque em 2026.