Nova investigação abre caminho para uma produção mais eficiente de biocombustíveis.
A hipótese que propõe que moléculas simples de formaldeído reagiram nas condições da Terra primitiva para formar ribose, um açúcar que forma a estrutura do RNA, é correta?
Um novo estudo questiona a teoria, atualmente aceite pela comunidade científica.
Os cientistas perceberam que, em condições experimentais controladas, a reação de Formose não produz açúcares lineares, mas sim essencialmente estruturas de açúcares ramificados, que são incompatíveis com a formação de RNA.
“O conceito da reação formosa como fonte pré-biótica de ribose precisa ser seriamente reconsiderado”, diz à SciTechDaily o autor correspondente Ramanarayanan Krishnamurthy, professor de química na Scripps Research. “Outros modelos e opções devem ser explorados se quisermos compreender como é que essas moléculas de açúcar surgiram na Terra primitiva”.
“O problema é que é uma reação muito confusa e, se a ribose é formada, é uma parte minúscula e apenas uma entre centenas e milhares de compostos que serão formados”, diz Krishnamurthy. “Queríamos entender porque é que essa reação é tão complexa e se ela pode ser controlada.”
Normalmente, a reação de formose é conduzida em altas temperaturas e num ambiente muito básico (num pH alto de 12 ou 13).
Nesta experiência, os autores do estudo publicado na Chem em abril decidiram testar a reação em condições mais amenas: à temperatura ambiente e num pH de cerca de 8, que dizem ser provavelmente mais próximo das condições presentes na Terra pré-biótica.
“A reatividade do formaldeído não permite parar num estágio específico”, explica Krishnamurthy. “Mesmo em condições de reação muito suaves, continua até que todo o formaldeído seja consumido, o que significa que é muito difícil controlar ou interromper a reação para formar açúcares intermediários”.
E não é um passo em frente apenas para destronar uma teoria que tem já 160 anos. A descoberta pode também revolucionar a energia. “O nosso trabalho pode ser útil para a produção de biocombustíveis, pois descobrimos que, em condições mais suaves, podemos produzir açúcares ramificados de forma mais limpa, que podem ser usados como combustível verde”, afirma Krishnamurthy.