Cientistas mostram porque é que o corpo feminino criou um equilíbrio quase perfeito entre apoiar o parto e manter os órgãos intactos.
Graças à medicina moderna, existe mais do que uma forma de um ser humano vir ao mundo, desde o parto tradicional à cesariana. Como espécie evoluída que somos, já muitas mulheres se terão perguntado se não haveria uma forma mais fácil de dar à luz. Infelizmente, segundo um estudo publicado a 20 de abril na revista científica PNAS, isto é provavelmente o melhor que vamos conseguir.
De acordo com o site IFLScience, engenheiros da Universidade do Texas e da Universidade de Viena observaram mais de perto os fundamentos anatómicos do parto, o que revelou a série de compensações evolutivas que nos deixou com o sistema atual.
Uma das complicações do nascimento é o facto de o canal vaginal ser estreito comparativamente com o tamanho da cabeça do bebé, mas essa complicação permaneceu devido à proteção que dá aos outros órgãos.
Segundo os cientistas, o confronto direto entre a saída fácil do bebé e a segurança dos órgãos vitais da progenitora é, aparentemente, o que impede o canal vaginal de se tornar um lugar mais “espaçoso”. Ou seja, ao competir por duas agendas opostas de preservação da vida, os dois imperativos biológicos perseveram em face da evolução.
“Embora esta dimensão tenha dificultado o parto, evoluímos a um ponto em que o pavimento pélvico e o canal podem equilibrar os órgãos internos de suporte, ao mesmo tempo que facilitam o parto e o tornam o mais fácil possível”, disse, em comunicado, Krishna Kumar, professora assistente da universidade norte-americana e uma das autoras do estudo.
O pavimento pélvico é um grupo de músculos que estabiliza a coluna e suporta o útero, os intestinos e a bexiga. Para estabelecer o seu papel no parto – e entender melhor como a sua influência mudaria dependendo do tamanho ou da espessura –, os investigadores realizaram múltiplas análises, utilizando modelos computadorizados.
Os resultados mostraram que, embora um aumento de tamanho pudesse facilitar o parto, sem as estruturas ósseas para o suportar, outros órgãos cairiam. Além disso, o aumento da espessura faria também aumentar a pressão necessária para empurrar o bebé para fora. Ou seja, nenhuma das situações seria propriamente boa.
“Descobrimos que o pavimento pélvico mais espesso exigiria pressões intra-abdominais um pouco mais altas do que os humanos são capazes para alongar durante o parto”, disse Nicole Grunstra, da universidade austríaca e outra das autoras do estudo.
“Ser incapaz de empurrar o bebé através de um pavimento pélvico resistente complicaria igualmente o parto, apesar do espaço extra disponível no canal vaginal, logo, a espessura do pavimento pélvico parece ser outro ‘compromisso’ evolutivo, além do tamanho do canal vaginal”, acrescenta.
Assim sendo, parece que, por enquanto, a evolução do nosso corpo fez o melhor que pôde.
Bom, isto não é explicação para este enigma.
Há coisas que são estranhas e continuam a ser ‘explicados’ por conveniência.
O hímen por exemplo, que coisa mais estranha.