Robert F. Kennedy, senador e procurador-geral dos EUA, foi mortalmente baleado há precisamente 50 anos. Desde então, teorias sobre a sua morte têm-se multiplicado mas, um novo estudo – baseado nos cuidados médicos que recebeu – vem agora esclarecer a sequência de eventos que levaram à sua morte.
No dia 6 de junho de 1968, na mesma noite que proferiu o discurso de vitória nas eleições primárias presidenciais do Partido Democrata da Califórnia, Kennedy foi baleado, acabando por não resistir aos ferimentos e morrendo 26 horas depois num hospital em Los Angeles.
Muito se tem dito e escrito sobre o seu assassinato – incluindo algumas teorias extravagantes – mas nunca ninguém se debruçou sobre os registos médicos nem sobre a qualidade dos tratamentos que Bobby Kennedy recebeu. Agora, um novo estudo publicado na segunda-feira na revista científica Journal of Neurosurgery, dá uma visão sem precedentes sobre os acontecimentos que levaram à sua morte.
Segundo o Gizmodo, a investigação foi conduzida por uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de Duke, nos EUA, e foi liderada por Jordan M. Komisarow. Os investigadores analisaram várias fontes para conduzir este estudo, incluindo relatos de testemunhas oculares, vários registos médicos e o próprio relatório da autopsia.
Apesar do atraso de 45 minutos no transporte de Kennedy para o hospital, os autores acreditam que pouco mais podia ter sido feito para salvar a sua vida.
RFK foi tratado de acordo com os padrões médicos da altura, incluindo a realização de uma craniotomia de emergência, semelhante às feitas nos dias de hoje. Mas, mais importante que os registos médicos, o relatório da autópsia é consistente com os relatos das testemunhas oculares, dissipando assim a teoria da conspiração que sugere que houve mais de um atirador envolvido no assassinato.
Depois de terminar o seu discurso no Ambassador Hotel, em LA, Bobby Kennedy atravessou a cozinha do hotel para se encontrar com a imprensa. Na passagem pela cozinha, RFK preparava-se para cumprimentar um empregado de mesa quando foi surpreendido pelo seu assassino.
Sirhan Sirhan, que tinha um revólver Iver Johnson Cadet de calibre 22, atravessou-se na sua frente, disparando 8 tiros. Às 12:15, 3 balas atingiram Kennedy, uma na cabeça e duas no corpo. Cinco pessoas que se localizavam nas proximidades sofreram também sofrimentos não mortais.
Kennedy caiu imediatamente no chão, sendo assistido por 5 médicos, incluindo um cirurgião de trauma. Poucos minutos após o tiroteio, RFK já estava a receber tratamento médico. Encontrava-se num estado semiconsciente e era ainda capaz de mexer todos os membros.
Pouco depois, Kennedy começou a perder a consciência, levando um dos médicos, o radiologista Stanley Abo, a examinar a ferida na sua cabeça. Abo percebeu que pequeno coágulo se tinha formado no local do ferimento, tendo-o rompido com o seu próprio dedo. “Com isto, o coágulo desalojou, o sangue fluiu livremente do buraco de bala, e a consciência de Kennedy melhorou brevemente”, explicam os autores.
O maior erro cometido
RFK chegou ao hospital às 12h45, ficando imediatamente ao cuidado do V. Faustin Bazilauskas. Neste momento, Kennedy já não estava a respirar e o seu pulso era quase impossível de detetar.
Apesar dos cuidados prestados, a equipa médica percebeu que não dispunha de todos os cuidados necessários para tratar os graves ferimentos, acabando por o transferir para o Hospital Bom Samaritano – onde deu entrada 45 minutos depois de ser alvejado.
Foi neste segundo hospital que foi realizada a craniotomia – quase 3 horas depois do tiroteio. Para os autores, este foi o maior erro cometido naquela noite. Quando a chamada de emergência foi realizada, a natureza dos ferimentos não era totalmente conhecida.
“Se o atendedor soubesse que a lesão em causa era um tiro na cabeça provavelmente, o condutor da ambulância tinha recebido informações para ignorar o hospital mais pequeno, indo diretamente para o Bom Samaritano, que se localiza nas proximidades”, explicam os investigadores, admitindo que este atraso teve efeito no desfecho final.
Na craniotomia de emergência, que levou quase 4 horas, os cirurgiões tentar remover o maior número de fragmentos de ossos e balas deixados após os ferimentos. Após a cirurgia, Bobby recuperou alguma atividade motora e manteve-se relativamente estável nas primeiras horas do pós-operatório.
Em 1968, os médicos não dispunham de ferramentas médicas modernas, como a tomografia computorizada, mas já tinham raios-X, sendo capazes de realizar uma cirurgia ao cérebro de forma semelhante às realizadas nos dias de hoje.
No entanto, o estado do senador era grave. Vários especialistas de todo o país foram consultados e todos concordaram que o estado de saúde era crítico e, mesmo que sobrevivesse às lesões cerebrais, ficaria com uma condição neurológica gravemente comprometida.
Cerca de 12 horas após a cirurgia, a condição de Kennedy começou a deteriorar-se, acabado por morrer. O óbito foi declarado às 1:44 da madrugada, hora local.
Nem a medicina atual teria salvo RFK
Além do atraso de 45 minutos no transporte de Kennedy para os cuidados certos, os autores do estudo não apontam nenhuma outra falha aos cuidados prestados. “É da opinião dos autores que o senador Kennedy recebeu cuidados agressivos e adequados, de acordo com o padrão da época”, explicam.
Os autores acreditam ainda que, caso o tiroteio tivesse ocorrido nos dias de hoje, Kennedy acabaria também por morrer. As únicas diferenças entre os cuidados recebidos por RFK em 1968 e a medicina atual são o pri no pós-operatório e os tipos de medicamentos usados.
Segundo o relatório de autópsia de Kennedy, o senador sofreu ferimentos graves no cerebelo direito – parte responsável pelo controle motor – e no lobo occipital direito – necessário para processamento visual. O relatório também notou danos no tronco cerebral e evidências de hemorragia dentro e fora do crânio.
Mesmo com a cirurgia, fragmentos de osso e bala foram encontrados alojados em todo o tecido cerebral. As queimaduras encontradas sugerem ainda que a arma foi disparada a queima-roupa, a menos de três centímetros de distância. Como observam os investigadores, estas evidências devem dissipar as teorias sobre a existência de um segundo atirador.
“Apesar da preocupação com a trajetória da bala e da controvérsia sobre a pólvora encontrada na pele, nunca houve evidências claras de conspiração. Sirhan foi considerado o único atirador”, concluiram.
Sirhan, um cristão de ascendência palestina, foi considerado culpado pelo assassinato e condenado à morte, embora sua sentença tenha sido depois transitada para prisão perpétua. No seu diário, Sirhan escreveu que “Kennedy devia morrer” por ter mostrado apoio a Israel.
Em meio século, muito se tem dito e escrito sobre este assassinato tal como, o do seu irmão, o presidente John F. Kennedy, assassinado quase cinco anos antes. A América vivia tempos conturbados e ainda hoje o país não sabe o que mais poderia ter feito para evitar estas tragédias.
ZAP // Gizmodo
E o Trump ainda não foi sequer alvo de uma tentativa de assassinato, porquê?
O trump não é assassinado. Ele é que manda assassinar. Ele é o senhor da guerra.
Qual guerra? Explique lá isso?
Se não sabe fique a saber, o senhor está a cometer um crime! É triste irresponsáveis infantis terem a palavra nestas coisas.
Não foi alvo porque não inventaram pistola e balas que mate tamanha estupidez.
6 de Junho de 1986????
Caro Mario Nunes,
Obrigado pelo reparo. Está corrigido.
Se foram disparados 8 tiros, alguns a menos de 3 centímetros da nuca, onde foram os 5 restantes???
Caro leitor,
Tal como explica o artigo, foram disparados 8 tiros, tendo 3 atingido RFK. Os restantes 5 atingiram pessoas que se encontravam nas proximidades.
Obrigado.
1986? Notícias escritas à pressa, como de costume.
Caro Hugo Henriques,
O erro já se encontra corrigido.
Obrigado pelo reparo.
É um facto sabido que todas as aldeias têm um pateta. Às vezes demora a manifestar-se, mas ele aparece.
Não me apeteceu contar as palavras nem os caracteres, mas fui contar os parágrafos. Esta noticia tem 25 parágrafos, 2 fotos, um vídeo e vários links para outros sites. No meio disso, aparentemente, o jornalista cometeu um erro: escreveu 1986 onde devia estar 1968.
E essa troca deu para um “notícias feitas à pressa, como de costume”?. Seriously?
Está encontrado o pateta do ZAP.
Bom dia,
De facto, estas caixas de comentários permitem o anonimato. Permitem até que os redactores ou alguém “da casa” possam emitir respostas fingindo ser meros leitores. Permitem a publicação de comentários que podem eventualmente configurar crimes, como é o exemplo referido pelo leitor José M. Permitem também que se passe à ofensa.
O Senhor ou a senhora, menino ou menina que escreveu sob pseudónimo “Seriously” não deve ter lido o meu comentário com atenção. Não falei em jornalistas, porque não creio, é a minha opinião, que no Zap se faça jornalismo, não há trabalho de investigação, reportagem e outros que pertencem ao trabalho de jornalismo. Quem redige estes textos que são dados como notícias podem ser ou não jornalistas, mas são certamente redactores, tradutores, ou simplesmente pessoas que copiam textos que lhes foram enviados, fazem tratamento ou não e publicam-nos. Acredito até que alguns textos já apareçam traduzidos por quem os vendeu à Zap para serem publicados. Recordo-me que a Lusa, antecessora da NP e da Anop, fazia esse trabalho, deixava tudo pronto a publicar quando vendia as notícias, é portanto provável que ainda hoje mantenha essa prática e outras agências também.
Caso “Seriously” deseje revestir os seus comentários com alguma seriedade, vá ao historial dos meus comentários e verifica como sou atento à ortografia, ao rigor das datas e dos nomes. Afinal o verdadeiro trabalho de jornalismo (que como disse e repito, não é bem este reflectido nas páginas do Zap), é assente em rigor, transparência, isenção e verdade. No rigor, é fundamental (aprende-se na escola de jornalismo) que nomes, datas, idades, momentos que correspondem a factos não sejam equivocados, não sejam trocados, não sejam redigidos com falta de atenção. Se o verbo, se o adjectivo, se o advérbio, se o pronome, se o artigo estão mal escritos por erro ortográfico do jornalista, isso é tolerável em certa medida, pela segura raridade. Todavia um nome, uma data, uma ocorrência, tem que estar absolutamente correcta, não é tolerável o erro. Chama-se a isto brio, denôdo, profissionalismo. Isto é, se estamos a falar de um jornalista. É porém comum encontrar jornalistas que se comportam como os leitores, chegam até a confundir o seu estatuto com algo que não é o da profissão, que até tem um código deontológico próprio. Mas neste caso em apreço, que é a troca de uma data, não estou seguramente a falar de jornalismo. Recentemente comentei numa notícia Zap que uma ocorrência datada do ano 1500, ou seja no século XVI, não é algo que ocorreu há 1500 anos, conforme estava escrito no texto. Sim, Seriously??? notícias feitas à pressa. Pede-se um pouco mais de rigor, de atenção, de profissionalismo, de brio profissional, de humildade também.
Queira o senhor, a senhora, menino ou menina, dialogar pessoalmente comigo é tarefa simples, verifique o registo do meu email que está gravado por via de me ser possível escrever nesta caixa, é um email verdadeiro, sou eu mesmo Hugo Henriques, um indivíduo que por acaso não nasceu numa aldeia, mas podia ter nascido, não pertenço à aldeia dos jornalistas nem dos redactores, apenas e somente nasci no tempo em que havia outra seriedade entre as pessoas, pese ter sido durante um tempo em que o sistema político era menos simpático. Estudei em duas universidades públicas diferentes, uma das quais a de Lisboa, curiosamente na Faculdade de Letras. Penso que estou habilitado o suficiente para trocar impressões consigo.