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NASA cria chip que suporta as condições extremas de Vénus

Vénus é um dos lugares mais inóspitos do nosso Sistema Solar. Com chuvas ácidas que elevam a temperatura até 470° e com 90 vezes a pressão atmosférica da Terra, o planeta é uma verdadeira prova de obstáculos, o que torna muito difícil a sua exploração.

Tanto é que o objeto feito por humanos que sobreviveu mais tempo na sua superfície durou 127 minutos, pouco mais do que duas horas. Isso foi em 1981, quando a União Soviética enviou a sonda Venera 13 para o planeta.

O facto de o objeto ter sobrevivido permitiu a recolha das primeiras fotos coloridas de Vénus, apenas 32 minutos antes do objeto ser dissolvido.

Um dos grandes desafios de explorar Vénus está no facto de os computadores digitais não conseguirem funcionar adequadamente, uma vez que o silício suporta temperaturas máximas de “apenas” 250° C, metade do que seria necessário. Acima deste valor, os electrões ganham demasiada liberdade para se moverem entre os componentes e o processador pára de funcionar.

Contudo, nos últimos anos, tecnologias baseadas em carboneto de silício (SiC) começaram a obter grandes resultados, chamando a atenção dos militares e indústrias pesadas graças à natureza de suportar altas temperaturas e voltagens.

Agora, os cientistas do Centro de Pesquisa Glenn da NASA conseguiram criar circuitos integrados capazes de interligar transístores e outros componentes com cabos minúsculos dentro de um chip para sobreviver em condições extremas.

Os especialistas envolveram o chip com interconectores de transistores SiC em cerâmica para testá-lo num ambiente chamado GEER (Complexo de Ambientes Extremos de Glenn).

Nas primeiras experiências, a máquina construída aguentou centenas de horas em temperaturas e pressões próximas às de Vénus. Foram no total 521 horas (21,7 dias) a 1.26 MHz e só parou porque a GEER precisava de ser desligada.

Os cientistas da NASA concluíram que a tecnologia poder melhorar drasticamente os projetos, permitindo realizar missões de longa duração na superfície do planeta.

Mas realizar missões em Vénus exigem muito mais que tecnologia capaz de aguentar altas temperaturas e pressão. É preciso fazer equipamentos mecânicos como um rover que tenha os atributos necessários para sobreviver em condições difíceis.

Mas, nem tudo está perdido. A NASA estima que a partir de 2023 os cientistas do Centro de Pesquisa Glenn terão finalizado o primeiro rover capaz de se mover em Vénus com sucesso, permitindo missões de exploração de longa duração no planeta.

ZAP // Canaltech

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