O jornalista japonês Yuki Kitazumi, detido em Myanmar há duas semanas, foi na segunda-feira acusado de difundir “notícias falsas”, informou a embaixada do Japão em Rangum, sendo o primeiro repórter estrangeiro formalmente processado pelas autoridades daquele país.
Como avançou esta terça-feira o Público, Kitazumi, dono da agência Yangon Media Professionals, publicava nas redes sociais e na imprensa japonesa artigos e vídeos sobre os protestos e os efeitos do golpe na população. Detido a 18 de abril, encontra-se na prisão de segurança máxima de Insein, onde está também a líder do país, Aung San Suu Kyi.
De acordo com o código penal do país, atualizado pela Junta Militar, são proibidas publicações que “causem medo” ou difundam “notícias falsas”, com o seu incumprimento podendo levar a uma pena de prisão máxima de três anos. O jornalista de 45 anos aguarda agora um julgamento, pelo que a sua detenção deverá prolongar-se.
A Associated Press noticiou que, pouco após a detenção, o ministro da Presidência do Japão, Katsunobu Kato, assegurou que continuará a pedir a libertação antecipada do jornalista, enquanto fará o “melhor para a proteção dos cidadãos japoneses naquele país”.
Desde o golpe de fevereiro, a liberdade de imprensa no país tem sido posta em causa, com o encerramento de órgãos independentes e a retirada de licenças. Ao todo, foram detidos 80 jornalistas, dos quais 50 permanecem na cadeia e 25 condenados. O acesso à Internet tem também sido restringido.
Dos protestos já resultaram mais de 750 mortos, grande parte civis, havendo atualmente cerca de 3600 detidos.