Museu da Beata é o oposto dos outros: é para eliminar, não para guardar

mariabeata.pt / Instagram

Museu da Beata, exemplo

Campanha mostra as obras de arte deixadas por diversos fumadores. Mas ideia é que o museu deixe de existir. Seria bom sinal.

“O nosso grande sonho é que este museu deixe de fazer sentido, que deixe de existir”.

As palavras de Leandro Alvarez, em declarações ao ZAP, podem parecer estranhas. Mas o objectivo principal do Museu da Beata é mesmo fazer com que as beatas desapareçam.

Leandro é chefe criativo na Lola Normajean, agência que teve a ideia de criar um local que mostrasse as obras de arte deixadas por diversos fumadores, quando atiram as beatas para o chão.

A agência apresentou a ideia à Maria Beata, marca de cinzeiros portáteis, que assumiu as rédeas do projecto e apresentou publicamente o museu a meio de Março.

“Nós tentamos tratar temas importantes da nossa sociedade. E a beata representa um terço do lixo dos oceanos, é o maior poluente nos oceanos. É um número completamente absurdo e importante”, avisou Leandro Alvarez.

Assim, a agência quis chamar a atenção para o assunto, “com leveza, sem hostilizar o fumador, sem querer ofender o fumador e sem fazer generalizações”.

Com leveza mas em jeito de alerta. Porque “no imaginário colectivo do nosso país, a beata não é lixo: é uma coisa biodegradável que a chuva vai resolver. Agimos como se isto não fosse importante”, lamenta o responsável da Lola Normajean.

Assim, a ideia foi esta: mostrar alguns locais muito particulares, especiais, insólitos, onde as beatas são deixadas, que acabam por criar algum desenho inesperado. “Alguns fumadores são artistas, são talentosos”.

E agora a campanha está na segunda fase – convidar qualquer pessoa a fotografar beatas descartadas que se parecem com obras de arte ou monumentos, identificá-las com placas provocativas e… limpá-las.

“Isto é uma acção de limpeza”, sublinhou Leandro. Cada imagem é colocada na página do Instagram da Maria Beata, na galeria virtual, mas a prioridade é limpar o lixo encontrado.

“A exposição foi desenhada para desaparecer. As obras são identificadas e limpas logo a seguir. Não queremos glorificar o lixo; a ideia é identificá-lo e removê-lo”, descreveu.

No fundo, como disse Leandro Alvarez, este museu “é o oposto dos outros: não queremos preservar a memória, queremos eliminar”.

Os seguidores da Maria Beata estão a aderir à proposta: “As pessoas estão a aderir e as obras são brutais. Até são mais divertidas do que as obras das nossas equipas”.

“E sabemos que aquilo é sempre limpo, as pessoas estão a limpar”, reforçou.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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