Movimento “não te laves”: usaria cuecas durante uma semana sem as lavar?

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Precisa de lavar a sua roupa depois de cada utilização? Provavelmente, não. E as suas cuecas? Chama-se “Não te laves” e é um movimento que começou por não lavar o cabelo e já chegou à roupa… quiçá à interior.

Segundo o The Guardian, o movimento “Não te laves” começou por não lavar o cabelo com champô, apenas com água e já há sinais de que a roupa será a próxima “cobaia”.

Num artigo de opinião na Vox, a escritora Rachel Sugar explicou que, nos EUA, as aplicações e os serviços que prometem tratar da lavagem de roupa falharam largamente.

Ao contrário de outras tarefas, que se tornaram mais fáceis de realizar com o avanço da tecnologia, “a lavandaria desafia as regras da inovação do estilo de vida e as promessas do capitalismo”.

Diz, ainda, que não há marcas de detergentes que possam minimizar a tarefa árdua de lavar a roupa.

Os fãs da ganga foram os primeiros a popularizar a tendência de não lavar a roupa. “Não lavo ganga, a não ser que haja um desastre, como entornar leite nas calças”, diz Daniel, professor.

“Dá-lhe um melhor desbotamento — as calças de ganga envelhecem muito melhor, duram mais tempo. Não é preciso estar sempre a gastar dinheiro em calças de ganga. É melhor para o ambiente”.

“As calças de ganga — não lavadas — não cheiram mal“, insiste. “Se estive num churrasco e há um pouco de cheiro a fumo, talvez as deixe de fora durante a noite para arejar”.

A crise climática pode ter ajudado a considerar o impacto ambiental das lavagens a quente, da utilização de água e dos detergentes com elevado teor de carbono, enquanto os recentes aumentos dos preços da energia fizeram com que se pensasse no custo de cada carga de roupa.

“Deixei de lavar tanto a roupa durante o inverno de 2022”, diz Jenny. “Para mim, os fatores determinantes foram o aumento dos custos da energia, o efeito no ambiente e a incapacidade de secar facilmente a roupa no interior. Ocorreu-me que não precisava de lavar a roupa com tanta frequência. A maioria das roupas só precisava de ser renovada”.

Ken, um professor universitário reformado, diz que “costumávamos lavar a nossa roupa cerca de seis vezes por semana. Agora, só o fazemos uma vez por semana“.

“Usamos nozes de sabão e lavamos a 30ºC. Ponho a roupa a lavar durante a noite, para gastar menos eletricidade”. Diz que foi motivado “pela emergência climática”.

Rosie Cox, professora de geografia na Universidade de Londres e coautora do artigo “Sujidade: a realidade imunda da vida quotidiana”, diz que só há relativamente pouco tempo é que temos a lavagem da roupa doméstica como um dado adquirido.

“Na verdade, é muito complicado, tecnicamente. O que acontece dentro de casa deve-se apenas a grandes transformações: ter água corrente, a invenção de máquinas de lavar que cabem nas casas das pessoas, ser acessível”.

Só a partir dos anos 60, diz, é que a maioria dos agregados familiares passou a ter uma máquina de lavar roupa. Atualmente, essa percentagem aproxima-se dos 100%.

O outro elemento é a forma como as nossas roupas mudaram. Essencialmente, tornaram-se mais laváveis.

Antes da segunda metade do século XX, muitas peças de vestuário eram feitas de tecido de lã. “Limpava-se a seco ocasionalmente, mas muitas vezes escovava-se, passava-se um pano, esse tipo de coisas”, diz Cox. “As pessoas teriam tido menos coisas e elas teriam sido mais duráveis”.

O advento das fibras sintéticas e o fabrico barato de fibras como o algodão “aconteceu numa altura semelhante à que começámos a ter máquinas de lavar”, diz. Assim, as roupas podiam ser lavadas — e cada vez mais pessoas tinham as máquinas para o fazer.

O que consideramos ser limpo é “cultural, histórica e socialmente específico”.

“É predominante na nossa sociedade pensar na limpeza em termos visuais: Parece limpo? Os vossos brancos são brancos?”

“É por isso que muitos de nós, ao vermos uma pequena marca que parece manchar uma peça de roupa, que, de outra forma, estaria limpa, decidimos atirar tudo para o cesto da roupa suja. É também por isso que os fabricantes promovem os tira-nódoas e os abrilhantadores“.

“Também nos preocupámos com o cheiro — não apenas com a remoção de odores, mas com a introdução de outros odores. Atualmente, temos todas estas coisas, como os intensificadores de cheiro”.

Será que das calças e camisas vai passar a existir pessoas que aderem a este movimento, mas em relação à roupa interior? Era capaz?

Teresa Campos, ZAP //

16 Comments

  1. Não se gasta menos eletricidade de noite quando se lava a roupa… é a mesma, pode esta eletricidade ser mais barata! É uma realidade para quem tem tarifas bi-horárias, que é o meu caso.

    Quanto a não mudar de cuecas todos os dias… não consigo tal, pois suo muito!

  2. Foi a higiene dos principais factores que contribuíram para a redução drástica da incidência de muitas doenças. E lavar a roupa faz parte, em especial a íntima.
    Numa altura que se quer impor montes de medidas para redução da propagação de doenças, porquê por isto em causa?
    Podemos sim procurar formas mais eficientes e sustentáveis de lavar a roupa…

  3. A sociedade está a ficar demente….quando deixarem de tomar banho e de higienizar as roupas e habitação voltem todos para a pré história…mas sem internet!!! Está Bem!!!!

  4. Que nojo
    Nunca seria capaz.
    Lavo toda a minha roupa interior á mão,assim como a maior parte de tudo o que compro para mim e para o meu marido com tecidos escolhidos já a pensar nesse propósito. Cada um lava a sua, poupamos eletricidade , não se passam a ferro porque não ficam amassadas. Para a máquina ,em tarifário bi horário vão as gangas,toalhas ,etc, seja as roupas de maiores dimensões e só nas horas em que compensa.

  5. Talvez o interessante desta tendência seja o que pode daí vir ,novos tecidos ,novos métodos de limpeza a inovação não é compatível com o conservadorismo .

  6. Só mesmo os americanos para pensarem numa nojeira como está, isso diz muito dessa gente que quer mandar no mundo, um bando de porcos. Basta ver as casa onde vivem, acumuladas de lixo e sujeira, e estamos entregues a esta malta? Não precisam de bombas nucleares, a malta vai morrer mesmo é de mau cheiro

  7. Outra forma de não poluir o ar e poupar tempo, dinheiro e energia é não aspirar a casa constantemente. Deixem o pó pousar e apanhem-no com um pano húmido.

  8. Senta Bobby senta. Levanta Bobby levanta. Continuem a ver noticias destas e não pensem pela vossa cabeça que não é preciso.

  9. Uma vez conheci um tipo conservacionista, estava infestado de pulgas mas não as matava, por isso também não lavava a roupa, se não sempre mataria algumas.

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