Morreu o Papa emérito Bento XVI

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Morreu este sábado, aos 95 anos, o Papa emérito Bento XVI. A notícia foi avançada pelo porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, em comunicado.

Segundo o Vaticano, Bento XVI morreu este sábado às 09:34 e o seu corpo vai estar na Basílica de São Pedro a partir de segunda-feira para o início das cerimónias fúnebres – cujos detalhes ainda vão ser conhecidos. O funeral será realizado na quinta-feira, na Praça de São Pedro, e será presidida pela Papa Francisco.

Joseph Ratzinger estava gravemente doente, como revelara o Papa Francisco na quarta-feira, pedindo uma oração especial para o seu antecessor “para manter viva a sua memória” e “para pedir ao Senhor que o console e apoie”. O Vaticano tinha confirmado o agravamento do estado de saúde “devido ao avançar da idade”.

Antes de falecer, expressou o desejo de descansar no antigo túmulo do seu antecessor, o Papa João Paulo II, na cripta de São Pedro. João Paulo II está sepultado na Capela de São Sebastião, contígua à que alberga a escultura La Pietà (A Piedade), de Miguel Ângelo.

Nascido na Alemanha a 16 de abril de 1927, cresceu na cidade de Traunstein, foi ordenado padre aos 24 anos e doutorou-se em Teologia aos 26. Em 2005, com 78 anos, sucedeu ao Padre João Paulo II que faleceu nesse ano.

Filho de um comissário da polícia, Ratzinger foi professor de teologia, coordenou a equipa que elaborou o novo catecismo e esteve nos conclaves que elegeram os seus dois antecessores.

Defensor da família tradicional, seguiu sempre a linha mais conservadora da Igreja, só chocando os mais ortodoxos em novembro de 2010, quando defendeu o uso de preservativo em casos excecionais, para evitar o risco de contaminação pelo vírus VIH.

Filho de um comissário da polícia, Ratzinger foi professor de teologia, coordenou a equipa que elaborou o novo catecismo e esteve nos conclaves que elegeram os seus dois antecessores.

Defensor da família tradicional, seguiu sempre a linha mais conservadora da Igreja, só chocando os mais ortodoxos em novembro de 2010, quando defendeu o uso de preservativo em casos excecionais, para evitar o risco de contaminação pelo vírus VIH.

“A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazi mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica”, lê-se na biografia oficial disponibilizada no ‘site’ do Vaticano, que acrescenta que “o jovem Joseph viu os nazis açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa”.

Nos últimos meses da II Guerra Mundial, integrou os serviços auxiliares antiaéreos das forças alemãs. Em 1951, foi ordenado padre e, um ano depois, iniciou a sua atividade de professor na Escola Superior de Freising.

Em 1953, doutorou-se em teologia com a tese “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho” e, até ao final da década de 1960, foi professor de teologia em várias cidades alemãs. Nesse período, tornou-se também perito no Concílio Vaticano II.

Em 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou o cargo de vice-reitor. A sua intensa atividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Freising e, nesse mesmo ano, ascendeu a cardeal. Participou nos conclaves que elegeram João Paulo I e João Paulo II. Este último, nomeou-o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 1981.

Quase duas décadas antes de ser Papa, Ratzinger presidiu à Comissão responsável por preparar o Catecismo da Igreja Católica.

Em 1998, o cardeal alemão tornou-se também vice-decano do Colégio Cardinalício e, em 2002, decano.

A eleição de Ratzinger como sucessor de João Paulo II aconteceu a 19 de abril de 2005, tendo adotado o nome de Bento XVI. Ratzinger tornou-se assim no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.

Com ideias que frequentemente chocaram com as correntes liberais do seu país de origem, o nome de Ratzinger surgiu em todas as polémicas no seio da Igreja católica para travar as tentativas de reforma dos seus correligionários mais progressistas.

Na Alemanha, por exemplo, manteve um “braço de ferro” com o cardeal Karl Lehmann, presidente da Conferência Episcopal alemã, em torno da questão do aborto. “Ir contra a corrente e resistir aos ídolos da sociedade contemporânea faz parte da missão da Igreja”, defendeu.

Os abusos sexuais a menores por padres e o “Vatileaks”, caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, agitaram o seu pontificado.

Em 2010, os escândalos que davam conta de padres pedófilos mancharam a sua imagem, com Bento XVI a ser acusado por associações de vítimas de ter encoberto alguns desses casos, acusações desmentidas pelo Vaticano.

Perante a situação, Bento XVI ordenou uma inspeção às dioceses envolvidas, classificando os abusos como um “crime hediondo” numa carta dirigida aos católicos irlandeses, na qual pediu desculpa às vítimas.

Bento XVI pediu desculpa noutras ocasiões e reuniu-se com vítimas durante as suas viagens aos Estados Unidos, Malta, Reino Unido e Austrália. Durante a viagem a Portugal, em 2010, Bento XVI disse que “o perdão não substitui a justiça”.

Quando no Vaticano tudo parecia acalmar-se, em 2012, surgiu o escândalo que ficou conhecido como “Vatileaks”.

A 22 dezembro 2012, Bento XVI perdoou e libertou o seu ex-mordomo, mas expulsou-o do Vaticano, 12 meses depois de Paolo Gabriele revelar segredos papais e documentos sobre alegados escândalos com fraudes no Vaticano.

Foi autor de numerosas publicações, destacando-se o livro “Introdução ao Cristianismo” (1968), uma compilação de lições universitárias sobre a profissão de fé apostólica, e o livro “Dogma e Revelação” (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.

Em 2012, Ratzinger publicou o livro “A Infância de Jesus”, onde garante que a virgindade da mãe de Cristo é uma verdade “inequívoca” da fé e revela que, afinal, não havia burro nem vaca no presépio de Belém.

Recebeu numerosos doutoramentos ‘honoris causa’.

Resignou ao pontificado em 28 de fevereiro de 2013, por “motivos de saúde”, como reconheceu o seu irmão Georg Ratzinger, mas “em plena liberdade, para o bem da Igreja”, como o próprio assegurou.

“É consciente da importância deste ato, mas também consciente de não ser capaz de levar a cabo o ministério de Pedro com a força física e espiritual que requer”, afirmou então Bento XVI, justificando a sua decisão de abdicar do trono papal.

ZAP // Lusa

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