Morreu O. J. Simpson, protagonista do julgamento do século

Jason Bean / Reno Gazette-Journal POOL / Lusa

O.J. Simpson sairá em liberdade condicional em outubro. Cumpriu nove dos 33 anos a que tinha sido condenado

O antigo jogador de futebol americano O. J. Simpson, absolvido da acusação de duplo homicídio num dos julgamentos mais mediáticos realizados nos Estados Unidos, morreu na quarta-feira, aos 76 anos, anunciou a família esta quinta-feira.

“Em 10 de abril, o nosso pai, Orenthal James Simpson morreu, sucumbindo no combate contra um cancro. Estava acompanhado dos seus filhos e netos”, escreveu a família do antigo jogador, nascido em São Francisco, em 9 de julho de 1947, na rede social X (antigo Twitter).

A carreira de enorme sucesso no futebol americano fez de O. J. Simpson foi uma das primeiras estrelas negras nos Estados Unidos, mas o antigo jogador será sempre lembrado pelo “julgamento do século”, no qual respondeu pela morte da ex-mulher e de um amigo.

Em 1995, O. J. Simpson foi ilibado dos crimes de homicídio de Nicole Brown e de Ronald Goldman, cometidos em Los Angeles, um veredicto controverso que continua a suscitar muitas dúvidas nos EUA, quase 30 anos depois de ter sido proferida a sentença. Foi condenado em 2008 por assalto à mão armada, rapto e outros ilícitos criminais.

“Não sou negro, sou O. J.”, costumava dizer o antigo running back, figura maior durante vários anos da Liga Norte-americana de Futebol (NFL), o que lhe proporcionou fama e fortuna, tendo-lhe mesmo aberto as portas de uma nova carreira, de ator, em Hollywood.

Da perseguição em direto às luvas que “não serviam”

A queda abrupta de O. J. foi transmitida avidamente em direto na televisão, desde a perseguição policial a 17 de junho de 1994 que conduziu à sua detenção às posteriores incidências do julgamento, monopolizado pela componente racial.

Um dos momentos mais memoráveis do longo caso em tribunal foi o momento em que Simpson calçou as luvas negras e ensanguentadas encontradas no local do assassinato da sua ex-mulher Nicole e do amigo Ronald.

Os procuradores consideraram as luvas uma das provas mais importantes, uma vez que os testes de ADN mostraram que o sangue que continham tinha marcadores genéticos de Simpson, Brown e de Ron Goldman, também esfaqueado até à morte.

Quando o procurador Christopher Darden pediu a Simpson que calçasse as luvas perante o júri, O. J. contorceu-se e esforçou-se por fazer parecer que as luvas eram demasiado pequenas. “If it doesn’t fit, you must aqquit” (“se não servem, tem de absolver”), disse ao juiz o advogado do agora falecido no momento que ficou para a história da justiça norte-americana.

Foram nove longos meses de julgamento — que até deram origem a uma série da FX ‘The People v. O. J. Simpson: American Crime Story’.

Ilibado explicou (hipoteticamente) como matou a mulher

20 anos depois das mortes, a FOX exibiu uma entrevista, “O.J. Simpson: The Lost Confession” , datada de 2006, na qual O.L. confessa ter sido “hipoteticamente” responsável pelas duas mortes.

Simpson pormenoriza elementos da cena do crime, como “sangue e outras cenas”. Conta ainda que estava acompanhado por um amigo chamado Charlie que o terá encorajado a ir à casa da ex-mulher. Além disso, refere-se a Ronald Goldman como “um tipo” que não reconheceu.

“Quando as coisas ficaram mais tensas, lembro-me que a Nicole caiu e magoou-se e este outro tipo começou a fazer uma posição qualquer de karaté. Perguntei-lhe: Achas mesmo que me consegues bater? Depois peguei na faca – lembro-me que a tirei ao Charlie – e depois, para ser honesto não me lembro do que aconteceu, exceto que estava ali em pé e estava rodeado de todo o tipo de cenas à minha volta”, disse.

O.J. Simpson confessa nunca ter visto “tanto sangue na vida”. Contudo, passado uns segundo riu-se, lembrando que estava “a falar hipoteticamente”. “Odeio dizer isto, mas tudo isto é hipotético. Mas não acredito que duas pessoas pudessem ter sido assassinadas da maneira que foram sem terem ficado cobertas em sangue”, justifica.

ZAP // Lusa

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