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Morreu o estilista francês Pierre Cardin

Terentiyeva / Wikimedia

O estilista francês Pierre Cardin

O estilista francês, pioneiro da democratização da alta costura que levou a moda a grandes lojas a preços acessíveis, nos anos 1950, morreu, esta terça-feira, aos 98 anos, em Paris, anunciou a família à agência France-Presse.

Filho de imigrantes italianos, Pierre Cardin tornou-se um homem de negócios mundialmente conhecido, lançando, no pós-Segunda Guerra Mundial, o conceito de prêt-a-porter de vestuário, acessível a várias bolsas.

Personalidade marcante do mundo da moda, naturalizado em França, morreu no hospital americano de Neuilly, na região de Paris.

Nascido em San Biagio de Callalta, em Veneza, a 2 de julho de 1922, os pais de Cardin emigraram, para fugir ao fascismo, para França quando tinha apenas dois anos, onde cresceu, vindo a tornar-se um costureiro de estilo futurista e uma figura histórica da moda francesa.

Deu os primeiros passos no mundo da costura em 1945, em marcas como Pasquin e Schiaparell, antes de se tornar o primeiro costureiro da Christian Dior e criar depois a sua própria casa de costura em 1950, lançando, nove anos mais tarde, uma linha de prêt-à-porter para os armazéns franceses Printemps, que causou escândalo na época.

Alheio às críticas, Pierre Cardin apostou no conceito, que se vulgarizou nos anos 1960, e o seu estilo absorveu várias influências, desde os materiais inovadores, cores e formas geométricas, vestidos inspirados na arte pop, justos ao corpo, casacos em trapézio, e fatos de homem com colarinho idêntico ao da roupa do líder chinês Mao Zedong.

Organizou desfiles de moda na China, no Japão, nos Estados Unidos e na América Latina, foi mecenas do teatro, dança e da música, criando festivais de arte no seu Espaço Cardin, em Paris, e também se dedicou ao design de móveis, hotelaria e restauração.

Embaixador honorário da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), continuou a apresentar novas coleções de moda até aos 94 anos, justificando que sentia necessidade de se “exprimir”.

Foi distinguido, ao longo da carreira, com três “Dedal de Ouro”, um galardão atribuído no seio da moda francesa até ao início dos anos 1990, e, em 2019, o Museu Brooklyn de Nova Iorque, consagrou-lhe a primeira grande retrospetiva da obra.

A sua vida também gerou controvérsia, nomeadamente com o projeto considerado faraónico para o Palácio da Luz, em Veneza, que nunca chegou a ser concretizado.

Viveu uma história de amor de quatro anos com a atriz Jeanne Moreau, e teve como companheiro o seu assistente André Oliver.

// Lusa

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