(dr) Canal História

Ragnar é a personagem principal da série “Vikings”.
Desde a ideia de que eram todos altos e loiros ou o famoso ritual de tortura da “águia de sangue”, há vários mitos populares sobre os vikings que não são sustentados por evidencias históricas ou arqueológicas.
Há vários séculos que os vikings cativam a imaginação do público, muitas vezes retratados como guerreiros cruéis, com capacetes com chifres, que prosperavam com a violência e a pilhagem.
Mas historiadores e arqueólogos estão constantemente a desvendar camadas dos mitos para revelar um retrato mais complexo destes escandinavos do início da Idade Média, como recorda o IFLScience.
Usavam capacetes com chifres
Um dos equívocos mais duradouros é que os vikings usavam capacetes adornados com chifres ou asas. Essa imagem falsa remonta aos trajes de ópera do século XIX, particularmente aqueles desenhados por Carl Emil Doepler para o “Ciclo do Anel” de Richard Wagner.
Embora essas imagens se tenham tornado icónicas na arte e nos filmes de Hollywood, não há evidências de que os vikings realmente usassem capacetes com chifres nas batalhas. Os únicos capacetes desse tipo encontrados, datados de 900 a.C., são anteriores à era viking em mais de um milénio e provavelmente eram cerimoniais.
Ritual da “águia de sangue”
Outro mito sensacionalista envolve a chamada execução da “águia de sangue” — um método horrível supostamente usado pelos reis vikings para matar os inimigos arrancando-lhes os pulmões pelas costas. Embora isso apareça em algumas sagas nórdicas, os historiadores acreditam que provavelmente se trata de uma invenção literária ou exagero, sem evidências arqueológicas que comprovem sua realidade histórica.
Vikings só eram saqueadores
Embora os ataques fossem, sem dúvida, parte da história dos vikings, é enganoso acreditar no mito de que eram apenas saqueadores. Os vikings também eram comerciantes, exploradores e colonos. Artefactos como moedas de prata árabes e o assentamento viking em L’Anse aux Meadows, na Terra Nova — datado de cerca de 1000 d.C. — demonstram as suas extensas rotas comerciais e explorações de longo alcance, chegando às Américas séculos antes de Colombo.
Eram especialmente violentos
A noção de que os vikings eram excecionalmente violentos também é desmentida pelo contexto histórico, já que o mesmo nível de violência existia em muitas outras sociedades na Europa medieval. A sua reputação violenta deve-se em grande parte a relatos como o ataque de 793 d.C. a Lindisfarne, mas a violência comparável era comum naquela época.
Altos, loiros e com olhos azuis
Outro estereótipo é que todos os vikings eram loiros, altos e de olhos azuis. Estudos modernos de ADN, no entanto, mostram que as populações vikings eram geneticamente diversas, com influências do sul da Europa, da Europa Oriental e de grupos indígenas como os saami. Muitos vikings tinham cabelos escuros e traços faciais variados, contradizendo a imagem de uma raça «nórdica» homogénea.
Tinham má higiene
Ao contrário da sua reputação de brutos anti-higiénicos, os vikings mantinham padrões relativamente elevados de higiene pessoal. Achados arqueológicos incluem pentes, pinças e colheres de ouvido, e relatos como o do explorador árabe Ahmad ibn Fadlan observaram a sua higiene diária — uma raridade na Europa do século X.
Cristianismo apaziguou-os
Por fim, a ideia de que o cristianismo “domesticou” os vikings simplifica demais uma transformação religiosa complexa. Embora os esforços de conversão tenham começado no século X, com líderes como Harald Bluetooth a adotar o cristianismo, a violência persistiu. Os vikings cristãos eram igualmente capazes de brutalidade, sugerindo que a mudança de religião não alterou fundamentalmente a sua cultura guerreira.