O panda gigante Qizai é um dos sete membros castanhos e brancos da espécie de que há registo — e o único em cativeiro. A razão para esta coloração invulgar há muito que intrigava os cientistas, mas com a ajuda da genética, o mistério parece estar agora resolvido.
Segundo o IFL Science, uma equipa de investigadores decidiu determinar se as diferenças no ADN dos pandas castanhos poderiam explicar a cor invulgar do seu pelo.
Os cientistas sequenciaram os genomas de 35 pandas gigantes, incluindo dois pandas castanhos — um dos quais o Qizai — e os dois trios familiares a que pertenciam, bem como pandas pretos e brancos normais.
Ao comparar as sequências resultantes, a equipa identificou (o que acredita ser) o gene envolvido: Bace2, que codifica uma enzima que está envolvida no corte da proteína precursora amiloide, uma molécula mais conhecida pelo seu papel na doença de Alzheimer.
Descobriu-se que os pandas castanhos tinham duas cópias idênticas de uma variante específica do Bace2, ambas com falta de 25 pares de bases, o que sugere que pode ter um papel na cor do seu pelo.
Na tentativa de encontrar uma validação para as suas descobertas, os investigadores sequenciaram também o ADN de outros 192 pandas pretos e brancos, tendo a análise revelado que nenhum deles tinha duas cópias dessa mesma variação no Bace2.
Quando criaram ratos com a mutação, através do método CRISPR-Cas9, os ratos resultantes tinham pelo claro.
“A nossa investigação revelou que esta mutação reduziu o número e o tamanho dos melanossomas dos pelos em ratinhos knockout e possivelmente no panda castanho, levando ainda à hipopigmentação“, disseram os investigadores no artigo publicado na PNAS.
Os melanossomas são estruturas especializadas no interior das células responsáveis pela produção e armazenamento de melanina.
Assim, uma mutação no Bace2 pode afetar os melanossomas nos pandas e, consequentemente, dar-lhes pelo castanho e branco, em vez de preto e branco.
O próximo passo dos investigadores é explorar esta teoria e descobrir como pode funcionar.
Por isso, a investigação atual é um primeiro passo importante para resolver o enigma destes pandas raros.
Qizai pode ter perdido um pouco do seu mistério, mas trouxe progresso científico.