Milhares de anos depois, a ilusão da Lua continua por resolver

Miguel A. Lopes / EPA

A ilusão da Lua deixou perplexos os grandes filósofos da Grécia e as mentes mais brilhantes da Revolução Cientifica — e continua a desafiar uma explicação sólida.

Já alguma vez reparou que a Lua parece maior quando está a nascer ou a pôr-se? Trata-te da ilusão da Lua, um erro ótico que faz com que a Lua pareça maior perto do horizonte do que mais acima no céu.

Segundo o IFL Science, diz-se, frequentemente, que Aristóteles refletiu sobre este efeito no século IV a.C.. Atribuiu-o às propriedades de ampliação da atmosfera da Terra. A sua teoria é que quando a Lua é vista no horizonte, a luz tem de passar por uma atmosfera mais densa, que a expande como uma lupa.

Ao contrário de algumas das ideias de Aristóteles, esta não é uma crença totalmente improvável, embora se saiba agora que a ilusão da Lua é um truque do sistema visual humano e não o estranho funcionamento dos sistemas planetários.

A Lua pode parecer de tamanhos diferentes a olho nu, mas basta usar uma régua para medir fotografias da Lua e mostrar que permanece com a mesma largura em qualquer noite, independentemente de estar a abraçar o horizonte ou a navegar no alto do céu noturno.

Com muitas outras ilusões de ótica, o enigma é provavelmente uma questão de contexto e perspetiva. A maioria das explicações atuais concorda que a ilusão da Lua joga com a incapacidade do nosso cérebro para perceber o tamanho e a distância de objetos invulgares como a Lua, embora não se saiba ao certo como e porquê que isto acontece.

Uma teoria é a de que os objetos no horizonte — árvores, montanhas e edifícios — dão a impressão de que a Lua está mais próxima e, por isso, percebemos-la como maior. Quando a Lua está alta no céu, sem quaisquer pontos de referência visuais próximos, tem-se a perceção de que está mais longe e, portanto, mais pequena.

Vê-se um efeito semelhante na famosa ilusão de Ponzo, em que duas linhas idênticas parecem ter comprimentos. diferentes devido ao contexto de linhas convergentes.

A configuração mais ampla da imagem faz com que o cérebro perceba a linha superior como mais distante e maior, embora ambas tenham o mesmo tamanho na realidade.

Se virar a ilustração ao contrário, talvez esteja a acontecer algo semelhante com a ilusão da Lua.

Por outro lado, talvez seja mais uma questão de tamanho do que de distância. Quando a Lua é colocada ao lado de objetos familiares no horizonte, podemos apreciar o seu vasto tamanho e parece enorme.

Quando está no alto do céu, não há objetos familiares para contextualizar, não parece tão imponente e parece mais pequena.

No entanto, como explica a NASA, estas não são explicações perfeitas. Os astronautas em órbita também experimentam a ilusão da Lua, mas não têm o mesmo problema com objetos em primeiro plano no horizonte que distorcem a nossa noção de distância e tamanho.

A NASA adota uma abordagem surpreendentemente fria e diz que “na ausência de uma explicação completa para o facto de a vermos assim, podemos concordar que — real ou ilusória — uma Lua gigante é uma bela visão“.

“Por isso, até que alguém descubra exatamente o que os nossos cérebro andam a fazer, é provavelmente melhor apreciar a ilusão da Lua e as vistas sombrias, atmosféricas e, por vezes, absolutamente assombrosas que ela cria”, conclui.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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