O presidente do Governo da Madeira criticou esta quinta-feira as “indecisões” e os “ziguezagues” da Direção-Geral da Saúde (DGS) na tomada de decisões relativamente ao processo de administração das vacinas contra a covid-19.
“O que temos seguido até agora [na Madeira] tem sido o processo de Israel, que neste momento já está a administrar a terceira dose a grande parte da população, e não vamos ficar à espera das indecisões e ziguezagues da DGS”, declarou o chefe do executivo madeirense, de coligação PSD/CDS, Miguel Albuquerque.
O governante falava à margem de uma visita a uma empresa de distribuição com sede nos arredores do Funchal, com cerca de 50 anos de existência e que tem 120 trabalhadores.
“Se tivesse seguido a DGS, ainda estava com um processo de atraso relativamente à administração da vacina nos jovens. Levaram três semanas a discutir não sei o quê”, considerou.
Albuquerque reafirmou que a Madeira está “neste momento a preparar a célebre terceira” dose da vacina contra a covid-19, acrescentando que será administrada “prioritariamente àqueles que são os grupos de risco e quem está na linha da frente”, como o pessoal da saúde, Proteção Civil, bombeiros ou agentes de segurança, “independentemente da idade”.
As “evidências”, realçou, indicam que “a partir dos seis meses da segunda inoculação diminui o processo de proteção” e a imunidade contra a doença.
“Portanto, temos de reforçar esse processo de proteção”, vincou, sem indicar a data a partir da qual esta terceira dose da vacina será administrada na Madeira.
Miguel Albuquerque também referiu que após a região atingir os 85% de população residente completamente vacinada – a imunidade de grupo -, a estrutura dos centros de vacinação vai ser reorganizada.
“Vamos tomar a decisão sobre essa matéria”, informou, sublinhando que a administração da saúde da região pretende manter “a administração de vacinas para a terceira dose descentralizada”.
O tema será abordado com a autoridade regional de saúde, sendo o objetivo “facilitar ao máximo a administração das vacinas”, mas sem ser “ perdulários a gastar dinheiro, mantendo estruturas que custam muito dinheiro para vacinar meia dúzia de pessoas”.
“Mas, penso que é importante continuar, até por razões de distanciamento e segurança, a manter a estrutura descentralizada”, reiterou.
De acordo com os mais recentes dados, divulgados na quarta-feira pela Direção Regional de Saúde (DRS), a Madeira registou nesse dia 24 novos casos de covid-19 e mais 35 recuperados, num dia em que estavam sinalizadas 220 situações ativas e cinco pessoas estão hospitalizadas nesta região.
O presidente do Governo Regional referiu ainda que a Madeira já recebeu a primeira tranche do Plano de Recuperação e Resiliência, superior a oito milhões de euros.
“Vamos ter uma reunião no Governo este mês, o dia todo, só para ultimar, porque parte das verbas são transversais a todas as áreas. [Vamos] analisar setor a setor e verba a verba, quer o Plano de Resiliência, quer algo que é muito importante, que é o novo quadro comunitário de apoio que está aí à porta”, explicou.
Albuquerque considerou que vai ser muito importante a região “ter tudo preparado para ter uma boa execução, sobretudo uma execução eficaz”.
As verbas disponibilizadas pelo PRR e pelo quadro comunitário, sublinhou, devem ser “muito bem aproveitadas na formação, na transição digital, no apoio às empresas, na saúde e na habitação”, não podendo ser “desbaratadas em coisas inúteis”.
Esta quarta-feira, a DGS recomendou uma dose adicional da vacina contra a covid-19 para pessoas imunossuprimidas com mais de 16 anos, prevendo a vacinação de menos de 100 mil utentes.
ZAP // Lusa