Migrantes já estão a ser alojados na “armadilha mortal” do Governo britânico

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UK Prime Minister / Flickr

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak

O Governo britânico está a alojar 15 migrantes no navio Bibby Stockholm, que já foi descrito como uma “armadilha mortal” por organizações que defendem os direitos dos requerentes de asilo.

Os primeiros 15 requerentes de asilo embarcaram na segunda-feira no polémico navio Bibby Stockholm, atracado no sul da Inglaterra. Previa-se que seriam alojadas 35 pessoas, mas 20 migrantes recusaram instalar-se no barco.

O plano do Governo britânico, anunciado em abril, de alojar aproximadamente 500 homens adultos solteiros no navio foi fortemente criticado de várias frentes, incluindo especialistas em saúde pública, profissionais de segurança contra incêndios e organizações de caridade que trabalham com refugiados.

Cheryl Avery, diretora de alojamento para requerentes de asilo no Ministério do Interior do Reino Unido, afirmou que o alojamento está a ser oferecido aos indivíduos numa “sem possibilidade de escolha“, reconhecendo que está a haver “alguns problemas jurídicos” com um “pequeno grupo” de pessoas.

Esta terça-feira, a Sky News revelou que o Ministério do Interior notificou os 20 migrantes que recusaram, informando-os que se não aceitarem alojar-se no Bibby Stockholm, poderão perder os apoios do Estado.

“O alojamento é oferecido sem possibilidade de escolha. Quando os requerentes de asilo não aceitam uma oferta de alojamento adequado sem uma justificação razoável, não pode haver expectativa de que seja oferecido alojamento alternativo. Se não viajar amanhã [esta terça-feira], dia 8 de Agosto de 2023, os procedimentos para terminar o apoio que está a receber do Ministério do Interior podem começar”, lê-se na carta enviada aos migrantes.

Hotéis custam seis milhões por dia

A medida faz parte da estratégia de Downing Street para reduzir os custos associados ao alojamento de migrantes em hotéis e lidar com o enorme número de pedidos de asilo não processados, lembra a CNN. De acordo com os dados do Governo, mais de 50 mil pessoas estão actualmente alojadas em hotéis, algo que custa cerca de seis milhões de libras por dia aos cofres do Estado.

A União de Brigadas de Incêndio (FBU) do Reino Unido descreveu mesmo o Bibby Stockholm como uma “armadilha mortal” devido aos corredores e portas estreitas do navio, que podem dificultar os esforços de resgate em caso de incêndio.

Além disso, Jenny Harries, diretora executiva da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, alertou sobre uma maior probabilidade de infeções respiratórias se espalharem em espaços tão pequenos e confinados.

Na semana passada, o Secretário-Geral Adjunto da FBU, Ben Selby, afirmou que o navio foi “readaptado” para 222 pessoas, e não as 500 pretendidas pelo Governo, o que aumentou ainda mais as preocupações com a lotação excessiva.

Além disso, a organização de caridade para refugiados Care4Calais considera “desumana” a decisão de alojar refugiados no navio, destacando o sofrimento adicional causado a indivíduos que já suportaram traumas e dificuldades.

O vice-primeiro-ministro do Reino Unido, Oliver Dowden, respondeu a estes alertas, afirmando que o Governo iria “ter em consideração estas preocupações.”

Já o vice-presidente do Partido Conservador, Lee Anderson foi menos simpático na sua reacção às críticas, em declarações ao jornal Daily Express. “Se eles [os requerentes de asilo] não gostam dos barcos, então que se f**** de volta para França”, afirmou.

Esta medida surge no seguimento da aprovação da Lei de Migração Ilegal, que concede ao Governo poderes para deter e remover migrantes sem documentos, uma medida condenada pela agência de refugiados da ONU por violar as obrigações internacionais do Reino Unido.

O Governo britânico está até a trabalhar com as gigantes tecnológicas por trás do Facebook, Instagram, X (antigo Twitter) e TikTok para a remoção de conteúdos que encoragem migrantes a fazer a travessia. O pacote legislativo prevê ainda multas pesadas para empresas e senhorios que assinem contratos com migrantes que não estejam legalizados.

A crise migratória no Reino Unido não dá sinais de abrandar. 45.755 pessoas atravessaram o Canal da Mancha em pequenos barcos em 2022 e outras 11.500 fizeram o mesmo no primeiro semestre de 2023.

Adriana Peixoto, ZAP //

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1 Comment

  1. Armadilha “mortal” , é o facto dos organizadores de trafico Humano , lançarem ao Mar embarcações sobrelotadas e improprias para travessias , essas sim mortais !

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