Os primeiros estudos mostravam que todos mentimos uma ou duas vezes por dia. Há um padrão comum: é raro mentir.
É constante apanharmos mentirosos. Mais do que apanharmos coxos.
Seja na nossa esfera mais próxima, seja a ler ou a ouvir notícias. Basta pensar em crises políticas famosos, processos judiciais famosos, ou na confusão entre um certo presidente e um certo governador.
E quantas vezes mentimos por dia? É uma pergunta interessante, focada pelo portal The Conversation.
Os primeiros estudos, há quase 30 anos, respondiam que todos mentimos uma ou duas vezes por dia.
Mas é uma média perigosa, ainda mais neste contexto. Porque cada pessoa é uma pessoa, há diferenças significativas. E uma minoria de mentirosos compulsivos pode inclinar a média para um lado, num grupo onde há pessoas que quase nunca mentem.
Noutro estudo, um inquérito nacional nos EUA, praticamente 60% dos inquiridos assegurou que nunca mentiu nas 24 horas anteriores. E, quem mentiu, mentiu muito pouco.
Foram ditas 1.646 mentiras, no total. Mas, mais uma vez, os números enganam: é que esse metade dessas mentiras foi dita apenas por 5,3% dos participantes.
Há um padrão comum: é raro mentir. Há quem minta muitas, muitas vezes – mas esse grupo é pequeno.
Ao contrário do que muita gente pensará, o canal de transmissão não importa muito. Ou seja, se a pessoa diz a verdade ao falar pessoalmente, também vai ser sincera ao falar ao telefone ou ao escrever um e-mail, por exemplo.
Um estudo de 2021 sugere que a conversa de vídeo aumenta a probabilidade de mentira (12,3%). Mas a diferença é pouca para o palco menos provável: o e-mail (7,8%). Pelo meio aparecem, por esta ordem: telefone, conversa pessoal, redes sociais e SMS.
Em relação ao destinatário: as mentiras menores e cotidianas eram mais frequentemente contadas a estranhos, mentiras mais graves eram muitas vezes dirigidas a pessoas próximas. Este padrão sugere uma interação complexa entre a dinâmica do relacionamento e a inclinação para mentir.
Mas repete-se uma ideia essencial: a evidência científica mostra que mentir não é tão prevalente como muitas pessoas pensariam. Desafio principal: identificar o pequeno número de mentirosos frequentes.